27 outubro 2014

Tiago

Mãe que é mãe diz e escreve coisas como esta. Mas eu sou a Mãe do Tiago e, por isso, este blogue há mais de 9 anos que lhe é inteiramente dedicado e as minhas palavras fluem, naturalmente, para ele.

O meu filho tem 9 anos mas tem muita história na vida dele. Eu tenho um orgulho imenso naquilo que ele é, mesmo quando ele me irrita, me enerva, me faz sentir desesperada, por ser teimoso e teimoso e tão teimoso, redobrar o mau feitio e desafiar-me até aos limites da paciência.
Por outro lado, num balanço que balança, o Tiago sabe conversar, dizer coisas refletidas, relatar-me aventuras dos recreios e da sala de aula, tem opiniões e decisões só dele e transforma-se, a cada dia, num ser humano único, feito da matéria que têm as pessoas especiais.

Na maior parte dos dias, eu não sei dizer ao Tiago, em palavras ou mesmo em gestos, o quanto gosto dele, o quanto sou dele, o quanto preciso dele.
Na maior parte dos dias, o Tiago também não sabe entender tudo isso.
O Tiago tem crescido muito e tem aprendido com as coisas que a vida dele, que é a nossa vida, o obrigam a reaprender.

Mesmo quando não estou à espera, o meu filho cresce muitos anos num instante, supera-se, faz-me sentir a pessoa mais abençoada por tê-lo na minha vida, por ela lhe pertencer.

Ontem o Tiago perguntou o que era um saquinho azul brilhante que vinha, ao seu lado, no banco do carro. Eu olhei para ele e disse-lhe que, há minutos, tinha recebido aquele presente e mostrei-lhe o anel no meu dedo. Ele sorriu muito e perguntou, com a resposta no olhar: “O que é que isso quer dizer?”. Respondi-lhe: “Quer dizer que a mãe vai casar...”. O Tiago abriu muito os olhos, franzindo a testa, e com um sorriso enorme, mas também um pouco envergonhado, deu-me um abraço. Agarrou-me o pescoço com força ali no carro, separados pelos bancos, apertados entre eles, presos naquele momento que nunca esquecerei.
Ali naquela reação tão dele, tão sincera, tão oportuna, o Tiago justificou tudo, como se o mundo finalmente girasse no sentido certo, lembrou-me porque é que o tenho na minha vida, porque é que ele é o melhor de mim, porque é que ele é realmente um filho especial. O meu filho.
Por ele tudo vale(u) a pena e toda a felicidade que soube cultivar na minha vida, que deixei germinar e que hoje me faz completa e serena, não é mérito meu. É mérito dos dois.




1 comentário:

Aline Marques disse...

Adoro a forma como escreves... Gosto de ler o teu blog e este post foi especial. Só a forma como descreves esse abraço... =) Que o casamento seja assim como este post, cheio de amor! **beijinhos