25 fevereiro 2007

Dentro de água



Às sextas-feiras, entre o trabalho e a creche, a dúvida impõe-se: ir ou não à natação! As aulas do Tigy na piscina são autênticas sessões de aeróbica para mim... O veste e despe no balneário, sempre a gritar "Tigy anda cá", leva-me para dentro de água já completamente estafada. O Tigy não quer tirar a roupa e vestir o calção e, muito menos, deixar-me despir e enfiar num único gesto o fato-de-banho. Pior ainda é colocar as toucas. Começo por lhe pôr a touca a ele, pois enquanto a tenta tirar, numa verdadeira luta com o elástico, eu lá consigo arrumar (quase) todos os meus cabelos dentro da minha...

No caminho entre o balneário e a piscina enterneço-me sempre com o meu bebé... Com a touca azul, o corpo nu e o roupão amarelo um pouco grande e desajeitadamente vestido. Nesses segundos, dou-lhe muitos beijinhos nas bochechas e perdoo-lhe o cansaço dos preparativos para a aula.

Dentro de água compensa-se tudo... A semana de trabalho, os problemas da vida, até a preguiça em levar o Tigy à piscina. No primeiro contacto com a água tenho sempre o mesmo pensamento: "Ainda bem que vim".
Durante aquela meia hora, o bebé não pára um segundo e desbrava aquelas águas tépidas e azuis sempre contente e enérgico, sem medo nem cansaço. Vê-lo a bater os pezinhos e a responder a algumas das instruções da professora é uma alegria imensa de mamã babada...

Ao terminar a aula, lá vamos os dois mal embrulhados na toalha e no roupão, de chinelos mal calçados e os corpos a pingar. No balneário, partilhamos o banho de chuveiro: ao meu colo o Tigy bebe a água quente que cai e fecha os olhos, de quando em vez, aflito. Depois dos diversos problemas em secar o bebé e o vestir, com o acrescento de eu própria estar completamente encharcada, chega a parte mais complicada, aquela em que me tento vestir a mim própria, enquanto convenço o Tigy a não atirar as peças de roupa para o chão molhado.
De regresso a casa, o meu bebé vai estafado e, por vezes adormecido, na sua cadeira. O fim-de-semana começa agora e este terminou com um banho a dois, na banheira cá de casa. Bem mais pequena do que a piscina, mas com espaço para a mesma meia hora de brincadeiras e de muita cumplicidade.

13 fevereiro 2007

A lembrança do meu cabelo


A 200 km de mim, o Tigy no hipermercado descobre um cartaz que promove produtos para o cabelo. Lá está uma mulher de cabelos compridos, escuros e lisos. Ele olha e diz: "Mamã. Mamã. Mamã".

Uma história assim, contada ao telefone precisamente no oitavo dia de distância, torna o coração muito pequenino, fazendo bater descompassado. A gozar os mimos dos avós, o Tigy deixa o tempo vazio e os meus pensamentos à solta. Talvez perdidos de mais em histórias que nunca serão minhas...
Amanhã é dia de regresso e, depois dos abraços da chegada, teremos muito para conversar. Vou contar-lhe que os nossos refúgios vão ser um programa de rádio; que a casa vazia fez a mamã passar metade do fim de semana a dormir; que ando muito desactualizada nos episódios do Noddy; que acabei com as bolachas Zoo e terei até um momento para lhe dizer um segredo... Só a ele.