31 dezembro 2005

Um ano CHEIO


Último dia do ano. Bebé ainda dorme. Marido perdido entre fumo, jornais e canais de notícias da tv. Bom momento para ouvir o Chico Buarque e para pensar em 2005!

Há anos assim em que acontece tudo e em que, às páginas tantas, nem sabemos bem do que gostámos mais, do que queremos eternizar, do que nos marcou definitivamente... e apetece viver tudo outra vez.

O ano começou com um formigueiro na barriga que fez tremer, que fez desabar tudo o que são prioridades e planos, tudo o que são metas e etapas... e, no fim, nada disso tinha qualquer importância! O formigueiro chama-se Tiago e veio revolucionar, por completo, o que eu era e o que queria para mim. Várias pessoas me diziam que só se sabe o que é amar depois de ter um filho. Eu duvidei. Eu angustiei-me por não ter sentido um-não-sei-o-quê novo logo na primeira noite de maternidade. Eu assustei-me quando dei por isto dentro do peito, que se alastra pela cabeça, pelos ouvidos, pela boca, pelas pernas, pelas mãos... pelo corpo todo. E confesso: é um amor que sufoca por ser tão grande, por se querer ser tão perfeito e estar tão junto que acaba a doer!

2005 era o meu ano de noiva. Mas de noiva passei a grávida, de grávida a recém-casada, de recém-casada a mãe! No meio de tanto título acabei por não saber bem como fiquei eu... a Beguinha do Beguinho, a filhinha dos papás, a mana mais nova da mana melhor do mundo, a colega dos colegas, a amiga dos amigos. Sei-o agora. Ao terminar o ano. O meu ano. Fiquei melhor, mais completa, mais terra-a-terra, mais apaixonada, mais feliz!

Um ano assim é uma vida inteira em 12 meses. E, a partir de agora, até parece que tudo o que importa aconteceu em 2005. Com uma barriga a crescer, com um casamento fresquinho, com uma barriga vazia e um bebé no colo, com um filho a crescer, com a vida a ganhar novas rotinas - 2005 fez-se de surpresas, fez-se de felicitações, fez-se de pessoas. Pessoas como o Beguinho que é perfeito todos os dias em todos os papéis, como os pais que me dão provas todos os dias do tal sentimento diferente que têm com eles, por também terem filhos, dos amigos que todos os dias querem saber notícias, estar presentes, ser parte de tudo e da mana que esteve comigo em cada dia deste ano tão grande.

Este não pode ser o ano de ninguém, porque ganhei o Tigy, porque ganho o Beguinho constantemente, porque ganho provas de todos os lados, como se elas fossem precisas... Mas se este pudesse ser o ano de alguém seria o ano dela, da minha mana, da minha melhor amiga.

Para 2006 não preciso de um ano tão cheio, não preciso de um ano tão bom... preciso das minhas pessoas e do meu bebé feliz!

22 dezembro 2005

Querido Super Pai Natal



Este ano não te peço nada para mim. Mas peço-te muito para o meu bebé.
Sei que vai ter imensas prendas, vindas da família e dos amigos... Nós - os pais - tivemos até algumas dificuldades em escolher presentes para ele...
Sei que vai ficar com o roupeiro a abarrotar de roupa nova, para não ter de sair à rua despido e reclamar do frio.
Sei que os brinquedos novos vão ser muitos e variados, cheios de músicas repetitivas, de muitas cores e formatos.
Sei que vai receber objectos úteis e outros que nem por isso, sei que vai adormecer a meio do desembrulhar das prendas e sei, também, que não irá saber que é o verdadeiro rei deste Natal.
Entre tantas prendas, o que te peço, a ti Super Pai Natal, é que o meu bebé seja sempre feliz, tenha sempre saúde e um sorriso para mim. E em Natal nenhum te pedi um presente tão valioso!

16 dezembro 2005

Um instante qualquer


Quando não se encontram as palavras do que está por dizer,
quando não se desata o fio dos pensamentos,
quando fica silêncio entre os sons de palavras baralhadas...
Mas - mesmo assim - se quer deixar por escrito
essa turbulência das ideias, procuram-se as frases dos outros,
como neste "INSTANTE" de Sophia de Mello Breyner Andresen.

«Deixai-me limpo
O ar dos quartos
E liso
O branco das paredes
Deixai-me com as coisas
Fundadas no silêncio»


... no dia dos 4 meses do meu Tigy...

08 dezembro 2005

À Distância


Às vezes o mundo parece ainda maior, ainda mais injusto, ainda mais angustiante.
Às vezes a vida ganha traços mais trágicos, mais duros, mais tristes.
Porque as rotinas de uns são a dor de outros. Porque as nossas alegrias não chegam para atenuar as diferenças. Porque as tristezas são sempre deles, dos outros, da distância, da indiferença.

AQUI, nestas simples imagens, estão terríveis verdades, que teimamos em ignorar, em afastar dos nossos dias, dos nossos hábitos, dos nossos Natais! Contra mim falo.