tag:blogger.com,1999:blog-147795382024-03-23T18:13:05.539+00:00Refúgios de FelicidadeARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.comBlogger518125tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-22565046801501370332015-07-16T19:22:00.001+01:002015-07-16T19:22:35.572+01:00Saídas a dois<br /><div class="MsoNormal">
Estava tudo combinado para aquele final de tarde: saía do
trabalho direta à escola, entravamos juntos no carro, sorridentes e enamorados,
e seguíamos para o nosso jantar a dois, num qualquer centro comercial à mesa de
um qualquer restaurante de fast-food.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Para mim, a mãe, e para ele, o filho, aquele era um encontro
planeado, programado, desejado e ansiado. Então, o final do dia de trabalho
custou mais a chegar… O dia dele, na escola, teimou em alongar-se. E o nosso
final de tarde, a dois, escapou em escassos minutos assemelhados a muito pouco,
como só acontece com os momentos bem passados. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Naquele dia eramos só nós, de mão dada pelos corredores do
centro comercial, a olhar montras displicentemente, a escolher entre hambúrguer
e bitoque, a decidir entre a mesa da janela ou a do canto. Jantámos frente a
frente, de olhos nos olhos, a conversar como gente grande, a agir de igual para
igual, mesmo que em determinado momento eu o tenho ajudado a cortar um pedaço
do bife mais teimoso. Não falámos sobre a escola, nem sobre o trabalho. Não
falámos sobre trabalhos de casa ou tarefas domésticas. Não falámos sobre coisas
de filhos ou coisas de pais. Falámos sobre futebol, sobre comida, sobre cinema,
sobre o tempo e sobre a crise. Coisas de qualquer um, coisas de amigos, coisas
a dois.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Naquele nosso dia percorremos lojas de roupa e de
bugigangas. Comentámos cores e padrões, preços e tendências. Escolhemos juntos
um boné novo que o Tiago há tanto pedia e comprámos um verde, apesar de
indecisos entre esse e o cinzento. Esperamos a nossa vez na fila da farmácia e
decidimos, em simultâneo, o momento certo para voltar para casa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Então, no primeiro degrau da escada rolante para o parque de
estacionamento, o Tiago, metade de mim vista do chão, pegou-me a mão e disse:
«Então, gostaste da nossa primeira saída a dois?»<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Acho que sorri. Acho que respondi um sim de voz fugida rumo
aos olhos, reforçando a força da minha mão colada à dele, de coração cheio,
quase a rebentar, por uma emoção enorme, metade de mim desfeita em orgulho aos
pés dele.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Imaginei que, a partir dali, ele pegava na chave do carro e
me conduzia até casa, me guiava pela estrada e me abria a porta à chegada.
Imaginei que, já em casa, ele conseguiria pela primeira vez rodar por completa
a chave na porta da rua, que prepararia a sala para nos sentarmos e me
aconchegaria no sofá entre almofadas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Na verdade, eu conduzi o carro no caminho, perscrutando-lhe
o rosto pelo retrovisor, como faço sempre. Eu abri a porta de casa, rodando a
chave automaticamente, como faço sempre. E eu preparei o sofá para nos
sentarmos os dois, entre almofadas, a ver televisão de ombros encostados, como
fazemos sempre. Lá pelo meio perguntei-lhe: «Estás contente com o boné novo?».
Ele respondeu-me, de imediato, sem tirar os olhos da televisão: «Eu não queria
assim tanto ir comprar o boné, eu queria era sair só contigo».<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Daquele dia para a frente guardamos finais de tarde que são
só nossos, marcamos saídas a dois que mais do que tempo exclusivo de um filho
com a mãe, são momentos exclusivos de uma mãe com o seu rapaz crescido. Um
pouco mais de metade de mim em altura. O dobro de mim desdobrado e multiplicado
na maneira como sabe dar, e me ensina a dar, amor.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p>in <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4kids Julho/Agosto 2015</a></o:p></div>
ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-32612009167386796072015-02-06T20:20:00.002+00:002015-02-06T20:20:54.511+00:00A minha crónica na Lx4Kids #10<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5zZA43xC9EJo9Fg7QH7yvlmVFvfvCNWA8D25K2QZ41IquuNA6vuwp5uDNwplNeb29NvcU86qbI_DmPpl3GvfEHsr8Bnp71Gy4AFyu4wG8URx4Xfqtd6y3041ZcsahPAo6J0GJJg/s1600/Lx4Kids.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5zZA43xC9EJo9Fg7QH7yvlmVFvfvCNWA8D25K2QZ41IquuNA6vuwp5uDNwplNeb29NvcU86qbI_DmPpl3GvfEHsr8Bnp71Gy4AFyu4wG8URx4Xfqtd6y3041ZcsahPAo6J0GJJg/s1600/Lx4Kids.jpg" height="200" width="143" /></a></div>
<br />
<br />
<b>O meu avô</b><br />
<br />
Desde criança que adoro o miolo do pão. Na casa dos meus avós paternos todos os dias havia um pão fresquinho enorme que ia para a mesa inteiro e que eu transformava numa gruta, com a minha mão pequenina, escavando o interior para lhe retirar o miolo.
<br />
Aquela carcaça de pão oca era depois, discretamente, colocada junto ao prato do meu avô. Ele, quando chegava à mesa, sorria e sabia bem como tinha acontecido aquela magia.<br />
<br />
Lembro de há pouco anos, num almoço de domingo, o meu avô, sentado ao meu lado, pedir que lhe passasse um pedaço de pão. Depois, retirou o miolo e deixou pousada, junto ao prato, uma gruta oca, comendo apenas o interior que os dentes dos seus quase 90 anos lhe permitiam. Naquele momento, sei que tive perfeita noção da passagem do tempo, como se em poucos segundos desfilassem, frente aos meus olhos, as três décadas da minha vida. Uma inversão da história e dos papéis. O mundo redondo. Um percurso cíclico, sem escolha, sem desvios. O tal ciclo natural da vida que conhecemos e aceitamos, mas mantemos a uma distância perfeita para não nos assustar, para conseguirmos andar em frente, fazer coisas, procriar, tomar decisões, acordar e sair da cama, ter sonhos e lutar por eles.
<br />
<br />
Num ápice perdi idade e altura, o meu avô perdeu anos mas ganhou cabelo e, naquele almoço, eu quis ser a menina que comia o miolo e ele o avô que ficava com a côdea e nunca este contrário.
Naquele domingo, quis retroceder o avanço do tempo, travá-lo, deixá-lo parado, preso, eterno, escavando a memória como o miolo do pão e enchendo a gruta da côdea como se enchem os dias da vida. Os mesmos dias tantas vezes desperdiçados, injustiçados, cheios de banalidades e de feridas, ignorando tudo aquilo que realmente importa. As nossas pessoas e a nossa história. Porque, por muito que teimemos em disfarçar, a velhice não enruga só a pele e entorpece os movimentos. A velhice dói. O tempo que fica para trás é infinitamente maior do que aquele que se encontra pela frente. Então, muda tudo! Encurtam-se as expetativas e desfocam-se as perspetivas. Há o dia seguinte e aquele adormecer. Há mais um Natal e um outro aniversário. Há os almoços de domingo, os netos, os bisnetos, as saudades de quem já não está. E pouco mais que é o quase tudo, que quando acaba sabe realmente a nada.<br />
<br />
Então, vivemos certos de que a velhice que vemos é a velhice que seremos. E cabemos a nós, proteger quem nos criou, sabendo e sentindo, num egoísmo sem malícia, que é muito mais fácil ser cuidado do que cuidar.<br />
<br />
O meu avô partiu há poucos dias. Era o meu último avô. Deixou-me o miolo do pão e a côdea da vida para encher. Para encher de paixão, como aquela que ele sentia pelos jogos de futebol. De amor, como o que dividiu e multiplicou com a minha avó com quem viveu, no trabalho e na família, durante mais de 60 anos. De amizade, como a que ele partilhava com tantos velhotes de boina, parecidos a ele, a quem acenava pela rua, com o carro em ponto-morto nas descidas, quando me ia buscar à escola. De serenidade, como sempre lhe conheci e que sei que herdei. Para encher de boas memórias como as revistas do jornal de domingo que me guardava, religiosamente. Para encher do melhor que podemos trazer para os dias que temos. Enquanto não formos velhos. Enquanto cuidarmos dos nossos filhos. Enquanto lhes tentamos ensinar como, um dia, fará parte dos dias deles cuidar dos nossos.
<br />
<br />
<br />
in <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4kids Fevereiro 2015</a>
ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-73837698984713173342015-02-01T12:29:00.003+00:002015-02-01T12:29:13.585+00:00A guardar<div style="text-align: center;">
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<br />
<br />
<br />
<i>Um regresso às origens. Os lugares de infância pequenos de mais para o que crescemos. Os cheiros, os sabores e as pessoas, grandes de mais para o tamanho das saudades.</i><br />
<br />
<br />
Filme que deu origem ao livro<br />
<a href="http://www.bruaa.pt/loja/o-regresso/" target="_blank">"O Regresso"</a><br />
de Natalia Chernysheva<br />
(Bruaá, 2014)ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-81927747286585244342015-01-21T20:38:00.001+00:002015-01-21T20:38:26.914+00:00A Minha Crónica na Lx4KIDS #9<b><br /></b>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkCNKXUa0mUOBqLiB9ENofSqvxGwPXujvi485b0taV7Psu0bEuzmc6Nj3wFXs60XgmRVJlDri2gMOUt9QF-3XHINVRllEsyOUTtW9i4teVWivcY7wapSZ_gnYlyHvb0W1w0aGIcA/s1600/lx4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkCNKXUa0mUOBqLiB9ENofSqvxGwPXujvi485b0taV7Psu0bEuzmc6Nj3wFXs60XgmRVJlDri2gMOUt9QF-3XHINVRllEsyOUTtW9i4teVWivcY7wapSZ_gnYlyHvb0W1w0aGIcA/s1600/lx4.jpg" height="200" width="141" /></a></div>
<b><br /></b>
<b><br /></b>
<b>Pouco Mais de Cinco Minutos</b><br />
<br />
Nas viagens do dia-a-dia somos só os dois. Os dois e as mochilas, as lancheiras, os casacos, o
equipamento do futebol, um saco disto ou daquilo. Somos nós dois e a pressa da manhã.
Somos nós dois e as saudades da tarde. Somos nós, pouco mais de cinco minutos de percurso,
o rádio desligado e as conversas que acontecem no carro… e ficam no carro.<br />
<br />
As viagens casa-escola e escola-casa são espaços a dois que eu e o Tiago sugamos diariamente,
apesar dos escassos minutos que elas duram. Há muito que inventámos um joguinho só nosso
para o final da tarde, em que cada um, à chegada, diz três coisas sobre o seu dia.
Normalmente, o Tiago destaca o que almoçou, uma brincadeira especial do recreio da manhã
e um golo marcado no intervalo do almoço. No entanto, os dias dele não são todos iguais! O
Tiago traz muitas histórias, relata conversas completas com uma amiga já no final da tarde,
recupera situações da sala de aula e explica, tim-tim por tim-tim, os recados da professora.<br />
Dou por mim tantas vezes, no caminho trabalho-escola, a inventar coisas fantásticas sobre o
meu dia para as minhas três escolhas, negando ao Tiago como os dias dos adultos podem ser
assustadoramente rotineiros.<br />
<br />
No carro, entre um cruzamento e a espera do semáforo avermelhado, damos a mão que ele
não larga quando cai o verde, observamo-nos pelo espelho retrovisor fazendo caretas e
piscares de olhos e matamos saudades em olhares cúmplices.<br />
De manhã falamos do cabelo
desalinhado, de como nos vamos deitar mais cedo nessa noite e de planos divertidos para o
fim de semana, contando sempre os minutos que faltam para o primeiro toque.
Ali, quando se fecha a tarde, com a nossa casa como destino, desligo o rádio por completo e
quero ouvi-lo. Encho-o de perguntas repetidas, se teve frio, se gostou do almoço, se tem
trabalhos, como se um dia de escola tivesse sido uma longa e distante viagem, cheia de
aventuras e perigos.<br />
<br />
Foi numa destas viagens que contei ao Tiago que, naquela noite, tinha o texto da Lx4Kids para
escrever e ele quis logo saber o tema. Relatei-lhe algo sobre semelhanças e diferenças entre
nós dois e ele procurou exemplos. Assim, lembrou que ambos gostamos de adormecer com a
botija de água quente, que apreciamos chili, que adoramos ver televisão deitados no sofá
tapadinhos com uma manta… Porém, o Tiago não gostou das diferenças que encontrei entre
nós. Lembrei que quando tinha a idade dele era daquelas meninas com os cadernos da escola
sempre impecáveis, com palavras a várias cores e os títulos sublinhados com ondinhas. O Tiago
nem me deixou terminar… Percebendo logo que o meu texto iria contar dos seus tpc’s
dobrados e vincados, amarrotados tantas vezes no fundo da mochila, disputou argumentos e
justificações para eu não fazer de tal injustiça o tema da crónica.
<br />
<br />
Com o carro estacionado e a chegada a casa, aquela viagem tinha falado de nós mas tinha
apagado, na minha cabeça, o meu texto: “Mãe desculpa ter estragado o teu texto, mas não
quero que contes isso sobre mim… Porque não escreves sobre as nossas conversas no carro?”<br />
Quando as palavras não saem, quando as ideias não se transformam em frases, quando o que
se escreve não traduz o que se pensa… remoem-se os pensamentos dias a fio e enfrenta-se o
pânico da folha, ou melhor, do ecrã em branco. Ou então, trocam-se consolos e conselhos
numa próxima viagem de carro a dois. Pouco mais de cinco minutos de percurso.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
in <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4kids Janeiro 2015</a>ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-52757678654913698112015-01-07T22:57:00.001+00:002015-01-07T22:57:40.568+00:00Regras de sobrevivênciaCtrl Alt DelARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-81607730920624332952015-01-04T21:47:00.000+00:002015-01-04T21:47:50.395+00:00JANEIRO é o mês ideal para...enfrentar...<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="215" src="//www.youtube.com/embed/MgMfYK_jVSs" width="280"></iframe>
</div>
<br />
<br />
escolher, definitivamente, o meu vestido de noiva<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDerZ3D4-cq7WxizMqW4XX5E-gxDxSaMuRNqCwJLs9Zc3sVgKK8vleLujU4HkBC4qD77U3Ninin0df059mXyB7zu6ZphZnObFqm6aM71WML-vp7Ci1QCteXmdktJTRVqKVcvGfBg/s1600/8bfe28b7013198f069e0bc21dc1e6928.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDerZ3D4-cq7WxizMqW4XX5E-gxDxSaMuRNqCwJLs9Zc3sVgKK8vleLujU4HkBC4qD77U3Ninin0df059mXyB7zu6ZphZnObFqm6aM71WML-vp7Ci1QCteXmdktJTRVqKVcvGfBg/s1600/8bfe28b7013198f069e0bc21dc1e6928.jpg" height="200" width="141" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
recuperar episódios pendentes de "Revenge"<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQwIEBawtMwRVUELh0IeJ2xgfvaSSfhZ3NIt89ugOM3KEF8vxV7NsABO11va2eDuc_o7nyfm4M5uUdhrNOvSw5eLrfZSpUEG2tBx_NRNSAtQi0YpKyyIYyieYso0L3pxshYOnVfw/s1600/8c38732a61face58d7bd8118868553de.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQwIEBawtMwRVUELh0IeJ2xgfvaSSfhZ3NIt89ugOM3KEF8vxV7NsABO11va2eDuc_o7nyfm4M5uUdhrNOvSw5eLrfZSpUEG2tBx_NRNSAtQi0YpKyyIYyieYso0L3pxshYOnVfw/s1600/8c38732a61face58d7bd8118868553de.jpg" height="200" width="135" /></a></div>
<br />
ler Murakami como em todos os Janeiro's dos últimos 5 anos<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
ir ao teatro ver os melhores<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLsdcaDHA6rORYMnosCzDn9CUv2uSbw1nWZMjEZ14Y4fahRoNT2AeL2Oq21cDg1nIAoMHxlYHFVaMMJ4YaNBTXX6-brprQrdKEJ95v97SG3YG9i5lcelobctvpKzR6bW5U7J9N6w/s1600/cyrano.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLsdcaDHA6rORYMnosCzDn9CUv2uSbw1nWZMjEZ14Y4fahRoNT2AeL2Oq21cDg1nIAoMHxlYHFVaMMJ4YaNBTXX6-brprQrdKEJ95v97SG3YG9i5lcelobctvpKzR6bW5U7J9N6w/s1600/cyrano.jpg" height="101" width="320" /></a></div>
<br />
e fechar o mês com a estreia da Gisela João no Coliseu de Lisboa<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3U0Bri8MI9IU8DgxaDhttKrnYKwqtuXl6tUzxbsscNYF8mLzRo9Nkmvh2n4MEXPRmmwntC-CFN5z4YqSqGHft1JgdHjuBrSq6jS0C38l4X2siRk3F9BRs1TdiQQIbcdJr0qwo_A/s1600/1024x640px_texto_500x312.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3U0Bri8MI9IU8DgxaDhttKrnYKwqtuXl6tUzxbsscNYF8mLzRo9Nkmvh2n4MEXPRmmwntC-CFN5z4YqSqGHft1JgdHjuBrSq6jS0C38l4X2siRk3F9BRs1TdiQQIbcdJr0qwo_A/s1600/1024x640px_texto_500x312.jpg" height="124" width="200" /></a></div>
<br />ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-54593009615405289342014-12-17T20:19:00.001+00:002014-12-17T20:19:09.472+00:00A Minha Crónica na Lx4KIDS #8<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLztVbeVMFbbRJkg6XOEk7GcvxeTrm_DfaROKR-d4ptLgj3LLbSf7i2tbW7HKHBWtDiV98Tgz9APBGJbKiA4817AkPnUuu3IYRJwi1F6YwEEFdIK1k5PcQA2cya6Q_NQcv2-W8YQ/s1600/lx8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLztVbeVMFbbRJkg6XOEk7GcvxeTrm_DfaROKR-d4ptLgj3LLbSf7i2tbW7HKHBWtDiV98Tgz9APBGJbKiA4817AkPnUuu3IYRJwi1F6YwEEFdIK1k5PcQA2cya6Q_NQcv2-W8YQ/s1600/lx8.jpg" height="200" width="140" /></a></div>
<br />
<br />
Coisas da Razão<br />
<br />
Sei exatamente o momento em que perco a razão. Não é no instante em que elevo a voz,
em que as palavras me saem em catadupa, sem controlo, sem conteúdo. Palavras soltas,
desconexas e duras. Não. A razão foge quando depois, ao voltar a acalmia, não se pede
desculpa. Aí sim, a razão falha por completo.<br />
<br />
Mãe e filho zangam-se de vez em quando. Tem mesmo de ser. Digo muitas vezes ao
Tiago que só me zango com ele porque o adoro! Senão... não queria saber. Era-me
indiferente se ele se porta bem ou mal, se ele é justo ou injusto, se ele é responsável ou
irresponsável. Quem ama cuida, quem gosta importa, mas mesmo quem quer bem nem
sempre age... bem!<br />
<br />
Nos dias piores da nossa história de mãe e filho fazemos as pazes ao deitar. Sentamos
na sua cama e, de imediato, o Tiago sabe que livro ir buscar à estante: “Quando a Mãe
Grita” de Jutta Bauer. A história do pinguim que se desfaz em pedaços perante um grito
da sua mãe é parte integrante do nosso amor, meu e do Tiago. Juntos, acompanhamos a
mãe pinguim a reunir os pedaços do seu filho, cosendo-o peça a peça, e reconstruimos ali
os nossos corações magoados e estilhaçados. O Tiago não entende isto – nenhum filho
entende – mas as zangas doem-nos mais a nós. Somos nós que gritamos, castigamos,
impomos limites e regras e, depois, somos nós que sofremos, encolhidos na dúvida
persistente entre o que está certo e errado, nesta coisa complicada de educar.
Para os filhos, somos donos maquiavélicos das suas vontades. Para nós, somos pais
incompreendidos mas empenhados em dar o melhor de nós pelos nossos filhos...
incluindo os gritos mais sonantes e as penas mais dramáticas. Ou talvez não. Talvez
essas sejam, apenas, as febres do momento, o descontrolo da irritação, o cansaço e o
medo. Há sempre uma boa dose de medo a ensombrar isto tudo. Medo de falhar ou de
decidir atos sem remendos possíveis. Medo do “remediado está”.<br />
<br />
Se há lição que o Tiago me dá, tantas e tantas vezes, é aquela que me diz exatamente o
instante em que ele resgata a razão toda para o lado dele. É quando umas horas depois
de um momento mau no nosso amor, volvido o período de silêncio, erguidas as tréguas,
ele me diz “Desculpa, Mãe”. Com essas duas palavras leva-me tudo: o coração em
estilhaços minúsculos, o nervoso miudinho na barriga, a cabeça a zumbir irritantemente,
as regras exageradas, os “nunca mais” e o “tem de ser”, o “vais ver” e o “não voltas a”.<br />
<br />
“Desculpa, Mãe” e lá me ganha ele outra vez. Por todas as justificações que eu tenha, por
todas as falhas que ele repita, por todas as preocupações que eu alimente, por todos os
limites que ele ultrapasse, nada resta com a desculpa. Ali, perante tamanha frase, sinto-
me pequenina e frágil, uma mãe pinguim que partiu o filho em pedaços com um grito.<br />
“Desculpa, filho” e sossega-se o corpo, arruma-se a cabeça e até parece que
enfrentámos o medo, que juntos acabámos com ele de vez. Naquele momento nosso
ousamos acreditar que não haverá uma próxima vez, que o nosso amor não guardará
mais zangas, que nunca mais eu terei de ser a mãe que impõe e ele o filho que dispõe.
Mas, se houver próxima vez, se nos zangarmos porque nos amamos, se eu soltar um
grito e ele uma palavra azeda, que seja eu, dessa vez, a ficar com a razão quando,
minutos depois, o abraço e lhe ganho com um “Desculpa, filho”.
<br />
<br />
<br />
<br />
in <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4kids Dezembro 2014</a>ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-64352808899101815222014-10-31T18:27:00.000+00:002014-12-17T20:21:13.712+00:00A Minha Crónica na Lx4KIDS #7<b><br /></b>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhslFKjvtKOgwN06SeLAPgcaqe-o-H7zWErKfBvHm3ByWhqoLJa7xtM3nUaR7WeuAzje6Vaf_mRo-n_9HdloUF9LvTIV0liFUfVbO1Rbmq4kCUz9ZIYis1P9K9XXoCUzkUgtnkVDw/s1600/lx7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhslFKjvtKOgwN06SeLAPgcaqe-o-H7zWErKfBvHm3ByWhqoLJa7xtM3nUaR7WeuAzje6Vaf_mRo-n_9HdloUF9LvTIV0liFUfVbO1Rbmq4kCUz9ZIYis1P9K9XXoCUzkUgtnkVDw/s1600/lx7.jpg" height="200" width="140" /></a></div>
<b><br /></b>
<b><br /></b>
<b>Propriedade Privada</b><br />
<br />
Com as coisas da vida, aprendemos a tornar os filhos menos nossos e mais deles próprios. Tornamo-nos mais tolerantes à distância, à ausência, aquilo que eles fazem, vivem, provam, passam a gostar… sem que nós vejamos, sem que nós sejamos parte disso.<br />
<br />
Quando o pai e a mãe não vivem na mesma casa, os filhos passam a ter duas rotinas paralelas que se unem nas coisas comuns: a escola, as atividades extra e aquilo que eles são em qualquer lado, em qualquer casa e em qualquer momento, e que não muda com as circunstâncias. A vida de uma criança com duas casas – a do pai e a da mãe – é feita de adaptações quotidianas que vão muito além das rotinas. Se há coisa que identifica o ser criança é o querer tudo, querer muito e querer já. Quando o pai e a mãe são pais mas não são um casal, a primeira coisa que uma criança aprende é que querer muito e querer já nem sempre é querer tudo. Então entendem que na casa do pai querem tudo do pai: a comida que ele faz melhor, a brincadeira preferida a dois, os abraços mais apertados daqueles braços; enquanto na casa da mãe querem tudo da mãe: a comida preferida, outras brincadeiras escolhidas a dois e outros braços para iguais abraços.<br />
<br />
Ser mãe, e pai, tem muito de possessividade. Os filhos são nossos, nascem nossos, querem-se nossos e tudo o que fazem e os sítios que vão são escolhidos, decididos e autorizados por nós. Então, ser mãe, e pai, de uma criança que tem duas casas exige uma reaprendizagem total dessa história da possessividade. Os filhos passam a ser posse de dois e não de um casal. Os filhos são “meus” e “teus”, sem deixarem de ser “nossos”. E é então que a mãe e o pai aprendem que podem querer muito e querer já, mas isso não significa que possam querer tudo. O “tudo” começa e acaba na casa de cada um. O segredo para que a criança tenha sim duas casas mas não duas vidas chama-se equilíbrio. O equilíbrio que é mantido e promovido pelos pais, deixando que o filho seja do pai e seja da mãe, que desfrute do pai e desfrute da mãe, que seja feliz com um e seja feliz com outro, que seja castigado por um e seja castigado por outro, sem nunca, mas nunca, deixar de ser como é.<br />
<br />
Os pais que são pais e que também são um casal passam, muitas vezes, ao lado de tamanha questão. A vida dos filhos é gerida debaixo de olho e os pais atuam como uma equipa coordenada – assim deveria ser. Contudo, isso nem sempre lhes mostra o quanto é importante destrinçar entre o filho ser nosso e o filho ser ele mesmo. Às vezes o problema é mesmo esse: os pais esquecerem que mais do que seus filhos os filhos são eles próprios, são pessoas à parte, não são extensões em ponto pequeno.<br />
<br />
Se há aprendizagem que os pais separados têm obrigatoriamente de fazer é a de dividir o mais importante que têm na vida: o tempo que passam com os filhos.<br />
Por outro lado, essa aprendizagem também não pode ser ignorada por todos os pais, em geral, em qualquer condição: saberem distinguir onde começa o “meu” filho e acaba o “ser alguém”, saber dar asas e ensinar a voar, saber o que se quer muito, para já e para sempre. Numa noção exata de que os filhos, sem deixarem de ser tão nossos, podem ser felizes sem nós vermos, desde que ao fim do dia, terminado o fim de semana ou feito o regresso a casa, partilhem essa felicidade connosco e tornem a vida deles, sem nós, aprendizagens dos dois.
<br />
<br />
<br />
<br />
in <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4kids Novembro 2014</a>ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-9605096700847314722014-10-27T20:01:00.000+00:002014-10-27T20:01:00.110+00:00TiagoMãe que é mãe diz e escreve coisas como esta. Mas eu sou a Mãe do Tiago e, por isso, este blogue há mais de 9 anos que lhe é inteiramente dedicado e as minhas palavras fluem, naturalmente, para ele.<br />
<br />
O meu filho tem 9 anos mas tem muita história na vida dele. Eu tenho um orgulho imenso naquilo que ele é, mesmo quando ele me irrita, me enerva, me faz sentir desesperada, por ser teimoso e teimoso e tão teimoso, redobrar o mau feitio e desafiar-me até aos limites da paciência.<br />
Por outro lado, num balanço que balança, o Tiago sabe conversar, dizer coisas refletidas, relatar-me aventuras dos recreios e da sala de aula, tem opiniões e decisões só dele e transforma-se, a cada dia, num ser humano único, feito da matéria que têm as pessoas especiais.<br />
<br />
Na maior parte dos dias, eu não sei dizer ao Tiago, em palavras ou mesmo em gestos, o quanto gosto dele, o quanto sou dele, o quanto preciso dele.<br />
Na maior parte dos dias, o Tiago também não sabe entender tudo isso.<br />
O Tiago tem crescido muito e tem aprendido com as coisas que a vida dele, que é a nossa vida, o obrigam a reaprender.<br />
<br />
Mesmo quando não estou à espera, o meu filho cresce muitos anos num instante, supera-se, faz-me sentir a pessoa mais abençoada por tê-lo na minha vida, por ela lhe pertencer.<br />
<br />
Ontem o Tiago perguntou o que era um saquinho azul brilhante que vinha, ao seu lado, no banco do carro. Eu olhei para ele e disse-lhe que, há minutos, tinha recebido aquele presente e mostrei-lhe o anel no meu dedo. Ele sorriu muito e perguntou, com a resposta no olhar:
“O que é que isso quer dizer?”. Respondi-lhe: “Quer dizer que a mãe vai casar...”. O Tiago abriu muito os olhos, franzindo a testa, e com um sorriso enorme, mas também um pouco envergonhado, deu-me um abraço. Agarrou-me o pescoço com força ali no carro, separados pelos bancos, apertados entre eles, presos naquele momento que nunca esquecerei.<br />
Ali naquela reação tão dele, tão sincera, tão oportuna, o Tiago justificou tudo, como se o mundo finalmente girasse no sentido certo, lembrou-me porque é que o tenho na minha vida, porque é que ele é o melhor de mim, porque é que ele é realmente um filho especial. O meu filho.<br />
Por ele tudo vale(u) a pena e toda a felicidade que soube cultivar na minha vida, que deixei germinar e que hoje me faz completa e serena, não é mérito meu. É mérito dos dois.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtk8J9PmtDvqGyeROpmCb8finZRHjhrtqDgzTEWXnPFbgduUkxykNWkXJJEScNOilXfnLnOX7S5sS_gs-7RF_VozI67-7FhfD0_xLe3fGPUm7RIgbih_gOe01ZpKQW2HDFZvFRvw/s1600/98107c9bc87a1ab15e32f8f21fc64d57.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtk8J9PmtDvqGyeROpmCb8finZRHjhrtqDgzTEWXnPFbgduUkxykNWkXJJEScNOilXfnLnOX7S5sS_gs-7RF_VozI67-7FhfD0_xLe3fGPUm7RIgbih_gOe01ZpKQW2HDFZvFRvw/s1600/98107c9bc87a1ab15e32f8f21fc64d57.jpg" height="320" width="256" /></a></div>
<br />
<br />
<br />ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-64897474107272981502014-10-13T21:41:00.001+01:002014-10-13T21:41:16.100+01:00Equilíbrio<b>Por um lado,</b><br />
chovia torrencialmente quando o despertador tocou e o escuro que vi na janela sabia mesmo a segunda-feira. O carro estava estacionado no fim da rua, as mochilas pesadas e não havia mãos nem braços para chapéus de chuva, casacos e o filho arrastado para o carro, para a escola, para o começar da semana. O dia foi lento, cinzento, quebrado, calado. Havia trânsito no regresso a casa. Uma hora e meia de um caminho de vinte minutos.<br />
<br />
<b>Por outro lado,</b><br />
acabei de tirar um bolo quentinho, redondo e doce do forno. A casa cheira a lar, está cheia e tranquila. Partilham-se segredos ao ouvido. O Tiago no sofá pede-me para ler um livro novo. Voltam as mantas para os joelhos, as pantufas nos pés e desdobram-se os abraços antes de adormecer.ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-70971275820485624342014-09-29T18:51:00.000+01:002014-09-29T18:51:00.191+01:00O Tiago com 9 anos, 1 mês e 13 dias em 9 pontos:1. Disse há uns dias que roubar é ser como o Ricardo Salgado.<br />
2. O auge da sua semana é quando o deixo levar dinheiro e ir almoçar ao bar.<br />
3. Fala no chat do facebook com amigos e amigas da escola, escondendo o ecrã para que eu não leia a conversa.<br />
4. Tem um coração recortado e pintado de vermelho guardado na bolsa exterior da mochila da escola.<br />
5. Tudo na vida dele começa e acaba no futebol.<br />
6. Toma banho sozinho, encostando a porta e repetindo muitas vezes que não precisa de ajuda para nada.<br />
7. Levou um casaco novo para a escola – um simples casaco tipo fato-de-treino, vermelho e branco com molas – e a primeira coisa que me disse ao final do dia foi: “Mãe, este casaco fez mega-sucesso. Quero trazê-lo todos os dias.” E assim tem sido.<br />
8. Pediu-me uma mesada.<br />
9. Sabe que escrevo coisas sobre ele e diz que detesta. Mas adora.ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-737517798680979862014-09-21T20:51:00.000+01:002014-09-21T20:51:00.233+01:00A Minha Crónica na Lx4KIDS #6<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4J-C57pmot2MCbO1gwmtUNXZcp-DurHjBTgWnTS2-qOeNr3W2ojbF6tt7EkpsdMpdFD4l3BXf0CRCusZV3q3yc-YyhFiQ2LeOvbt8s-LCqa1RenVsNCT1W560JlRgpYdRisTBRw/s1600/lxazul.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4J-C57pmot2MCbO1gwmtUNXZcp-DurHjBTgWnTS2-qOeNr3W2ojbF6tt7EkpsdMpdFD4l3BXf0CRCusZV3q3yc-YyhFiQ2LeOvbt8s-LCqa1RenVsNCT1W560JlRgpYdRisTBRw/s1600/lxazul.jpg" height="200" width="143" /></a></div>
<br />
<b>E agora o que é que eu faço? </b><br />
<br />
Liga tv. Muda de canal. Põe mais alto. Muda de canal. Liga o computador. Muda de canal. Liga
a consola. Tecla no computador. Volta para a consola. Muda de canal. Põe a tv mais alto. “Mãe
vamos jogar Monopólio!”. Espreita o computador. Volta para a consola. Muda de canal.<br />
<br />
São as idas e vindas entre os entretenimentos modernos que compõem o cenário cá de casa,
nos dias que restam, dentro das férias de verão do Tiago. Quando não dá nada na tv, quando
já não há mais nada para procurar na internet, quando já está farto de jogar consola, quando
não há ninguém para jogar Monopólio, o Tiago diz desesperado: “E agora o que é que eu
faço?”. Esta pergunta junta umas pitadas de tédio a uma boa dose de falta de objetivos. “Vai
jogar consola ou vê um filme ou lê um livro ou vai brincar com os Playmobil...” respondo-lhe
eu numa ladainha repetida, contando baixinho quantos dias faltam mesmo para começar a
escola.<br />
<br />
A pergunta não é exclusiva do Tiago, já a ouvi vinda de outras vozes mantendo-se o tom de
desespero. A resposta que verdadeiramente me apetece dar é: “Não faças nada!”. Quantos
de nós daríamos tudo por um bocadinho de não fazer absolutamente nada?! Uns minutos que
fossem dentro de uma semana inteira! Será assim tão complicado estar, apenas e somente,
sem fazer nada?<br />
Por outro lado, também já pressenti na pergunta “E agora o que é que eu faço?” uma
colherada de responsabilização. Ou melhor, de desresponsabilização. Pensei para mim que,
no fundo, o Tiago estava a responsabilizar-me pelo facto de ele estar de férias e não ter
nada com que se entreter. Como se me encostasse à parede e avisa-se: “É bom que arranjes
imediatamente algo divertido e estimulante para eu ocupar o tempo que tenho.”<br />
<br />
Absorvidos e enleados no tempo do imediato, os nossos filhos valem-se pouco de si próprios.
Dependem demasiado de nós para tudo: para brincar, para estudar, para escolher, para
fazer. Contam connosco ou com um comando e uns quantos botões até para ocuparem o
tempo que têm. Para nós, os pais, as férias são dias contados e subtraídos aos escassos 22
que nos dão anualmente. São tempos sonhados e perspetivados, sugados e explorados,
como se a nossa sobrevivência dependesse disso. E depende. Quase tanto como os nossos
filhos dependem de nós para saberem como ocupar o tempo das férias deles. Três meses
inteiros de tempo, possíveis de serem preenchidos com tanto e que acabam desvalorizados
em episódios repetidos das séries do Disney ou em jogos de futebol da consola ganhos 10-0 no
nível amador.<br />
<br />
Enérgico e inquieto, o Tiago não sabe como podem ser maravilhosamente retemperadores
uns cinco minutos de... nada. Um tempo de pausa. Como se limpássemos a cabeça, os olhos,
os ouvidos ou até o paladar e recomeçássemos de novo. As férias para a gente crescida tem
muito disso: o fechar de um ciclo, o recomeço, o renovar de forças ou de vontades. O tempo
é já uma joia rara, para ser namorado e desfrutado. Mas, para eles, o tempo é coisa imensa
que querem agarrar com as duas mãos, comandar, preencher, viver sofregamente. Faltem
dois meses ou dois dias para as férias acabarem, o importante é fazerem alguma coisa com o
tempo deles sem suspeitarem que um dia vão desejar, simplesmente, não fazer nada.
<br />
<br />
<br />
<br />
in <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4kids Setembro 2014</a>ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-89457534852814510942014-07-23T18:23:00.000+01:002014-07-23T18:23:00.439+01:00A Minha Crónica na Lx4KIDS #5<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpIaia498y22Duk4il2nA5R-5FMsxkJtUHBg8W2D2TKgojitQvVqhbKVZb3-yeyrQ2Cz7vivTsCmRZAwMsU_MGJzwlHcddjEeQty0Omey7QhVWZqRwmqWPZbIqYM5P_48uVOtHcQ/s1600/capaa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpIaia498y22Duk4il2nA5R-5FMsxkJtUHBg8W2D2TKgojitQvVqhbKVZb3-yeyrQ2Cz7vivTsCmRZAwMsU_MGJzwlHcddjEeQty0Omey7QhVWZqRwmqWPZbIqYM5P_48uVOtHcQ/s320/capaa.jpg" height="200" width="141" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<b>Dormir sem sono</b><br />
<br />
Todas as noites a história repete-se: “Mais 5 minutos, Mãe!”, pede o meu filhote quando já está ultrapassada a hora certa de deitar. Inevitavelmente, recordo-me bem de ser da idade dele e em nada temer aquele momento.
Dali para a frente, das 10 da noite para a manhã do dia seguinte, do sofá da sala frente à televisão, para o lusco-fusco do quarto, começava todo um outro mundo para mim, onde tudo, mas mesmo tudo, era possível.<br />
<br />
Foi nessas noites que desenhei muitas das histórias que iria viver quando fosse grande, adulta, mulher, independente, profissional, senhora de mim, plena de possibilidades e potencialidades. Ir deitar significava entrar numa outra idade, mais lá para a frente, e decidir, eu mesma, tudo o que iria viver. Aconchegada na cama, de luzes apagadas, voltava cada noite ao ponto onde tinha deixado a história – a minha – no dia anterior, adormecendo sem dar conta, embalada pela magia que tem a imaginação.
Aos 8, 9, 10 anos, acreditava que o percurso seria assim: uma linha reta, definida, certinha, um caminho escolhido, consentido, pensado e concretizado, sem grandes curvas, sem maiores desvios.
Então, ouvir a minha Mãe anunciar a hora de ir para a cama era um ato instantâneo. Sem adiar, sem passos lentos no corredor, sem lamentos, eu deixava mais um dia de escola, mais um final de tarde de trabalhos de casa, mais um jantar em família, mais um serão perto da TV, para entrar num segredo só meu, onde mandava eu e a minha cabeça, onde crescia 10 anos em poucos segundos.<br />
<br />
Noite após noite, o Tiago resiste à ida para a cama com todos os seus argumentos e contestações. Tentando convencer-me que não terá sono absolutamente nenhum na manhã seguinte, jurando até que se irá levantar à minha primeira chamada. Torcendo-lhe a vontade, lá lhe concedo os 5 minutos da praxe e vamos os dois até à sua cama para lermos um capítulo do livro do momento e, depois, nos abraçarmos e beijarmos como se um de nós partisse numa grande viagem. Deixando-o deitado, disposto a adormecer, rodeado de bonecos e com uma luz fraca acesa, saio do quarto sempre a pensar que devia falar-lhe da magia que ele pode descobrir naquele momento, enquanto adormece e não adormece, enquanto o sono não vem e a manhã ainda está longe. Chego mesmo a travar os meus passos e a ponderar voltar atrás, sentar-me na beira da sua cama e relatar-lhe como eu vivi aqueles momentos quando era da idade dele, como eu conseguia ser tão feliz e tão infinita com aquilo que as crianças mais detestam: ir para a cama.<br />
Nunca o fiz. Ainda não o fiz.<br />
<br />
Na verdade, no final das contas, quando chega a minha hora de deitar, quando sou eu que pouso na mesa de cabeceira o livro do momento, quando se apagam as luzes e o dia termina, eu faço o caminho inverso, retrocedo 15, 16, 17 anos na idade, procuro as histórias no teto escurecido do quarto, aconchego-me nelas e deixo-me embalar pelo melhor que tem a imaginação.
Então, perto muito perto de adormecer, sei que o Tiago não precisa do truque das minhas noites de infância, talvez porque os dias que ele vive são muito melhores do que todos os que eu possa ter imaginado quando tinha a idade dele. Com certeza, porque tudo o que espera o Tiago enquanto está acordado o faz muito mais feliz do que qualquer história criada, empolada, inventada, moldada e, afinal, fechada num tempo impossível, vivida enquanto está deitado na cama sem conseguir dormir.
E é assim que eu adormeço tranquila, que eu adormeço feliz, por saber que a vida que o meu filho vive é muito melhor do que qualquer uma que ele tenha guardada, bem trancada, na sua imaginação.<br />
<br />
in <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4kids Julho/Agosto 2014</a>ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-59753848885074316942014-07-16T20:52:00.000+01:002014-07-16T20:52:55.436+01:00Conversas com eleCenário rotineiro, sentados no sofá ao serão. Eu agarrada ao computador e o Tiago vidrado na Psvita. Ambos com um olho, de quando em vez, na Tv.<br />
<br />
O Tiago pergunta diariamente:<br />
- Mãe, porque é que tens de trabalhar em casa?<br />
<br />
Eu respondo-lhe repetidamente:<br />
- Porque o dinheirinho faz falta, para pagar o colégio, a casa, comida, férias, roupas, as coisas que gostas e que precisamos...<br />
<br />
Na noite seguinte, a pergunta voltava.<br />
A minha resposta também.<br />
<br />
Há dias mudei a resposta:<br />
- Para ser mais feliz, Tiago. Eu gosto muito dos trabalhos que faço em casa.<br />
<br />
Há vários dias que não me pergunta nada. Encosta-se simplesmente ao meu braço direito, deixando um espaço milimetricamente testado para eu conseguir teclar.
ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-21453921384585329902014-06-19T18:48:00.000+01:002014-06-19T18:48:00.050+01:00A Minha Crónica na Lx4KIDS #4<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE_i_pPpSMPkKiuuKq9U3dKUfHkIFBQaEbpsMeTh8Aib02mWDBlbpAWJ0pCJssSAjjSDHxQg1SnseCsy_qEo-SCMM9oVlm9p-hB8fWhS87la4RYa2g-umCOXuC-0_OYjNoeAcdsg/s1600/10339630_669385786463381_5130581150860069994_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE_i_pPpSMPkKiuuKq9U3dKUfHkIFBQaEbpsMeTh8Aib02mWDBlbpAWJ0pCJssSAjjSDHxQg1SnseCsy_qEo-SCMM9oVlm9p-hB8fWhS87la4RYa2g-umCOXuC-0_OYjNoeAcdsg/s1600/10339630_669385786463381_5130581150860069994_n.jpg" height="200" width="141" /></a></div>
<br />
<br />
<b>Um gostar perfeito</b><br />
<br />
O meu filho tem 8 anos e pergunta-me, muitas e muitas vezes, se gosto dele e de quem eu gosto mais. A necessidade que o Tiago tem em testar e hierarquizar sentimentos é proporcional à dificuldade que sinto em colocar-lhe em palavras o quanto o adoro, acima de tudo, acima de todos.<br />
<br />
Sou surpreendida, diariamente, com as perguntas mais “assustadoras”, vindas do meu pequeno rapaz. Sentado no sofá, agarrado à consola ou inebriado pela televisão, o Tiago solta coisas como “Mãe, tu gostas de mim?” com a mesma facilidade com que, logo a seguir, me pede umas bolachinhas de chocolate antes do jantar. Para tamanha pergunta, já adotei vários tipos de resposta... A não-resposta: “Ó Tiago, então não sabes que gosto?!”. A resposta insossa: “Gosto. Claro que gosto.” A resposta aflita: “Gosto muito, filho. Olha, gosto muito de ti. Decora bem. Nunca esqueças, está bem?”. A resposta peganhenta, que vem com beijos e abraços exagerados: “Gosto tanto de ti filho. És tudo para mim. Anda cá. Deixa-me encher-te de beijinhos!”. A resposta humorística: “Não, não gosto. Não gosto nada.” A resposta inquisidora: “Porque perguntas? Não sentes que gosto de ti? Não gostas de mim, é?”, entre tantas hipóteses todas repetitivas, infrutíferas e demasiado banais para serem minhas, para serem para ele.<br />
Eu, o Tiago, esta coisa do gostar, a pergunta insistente e a gaguez da resposta têm-me feito pensar na forma como nos damos aos outros, em particular aos filhos. A história dos pais trabalharem muito e não terem tempo para as crianças não encaixa na forma como vejo o relacionamento pais-filhos dos dias de hoje. Os pais, como nunca, se deram tanto à vida dos filhos como acontece agora. A agenda dos filhos acaba por se sobrepor aos afazeres dos pais e, especialmente os fins-de-semana, são determinados pelos jogos de futebol ou as apresentações de ballet dos mais novos, entre festas de aniversário dos colegas da escola e tardes de domingo com trabalhos de casa e revisões para os testes. São os pais que encaixam os seus compromissos nos da criançada e não o contrário. E até parece que o facto de corrermos entre a manhã de sábado e a noite de domingo, levando e trazendo os meninos, preparando as chuteiras e embrulhando prendas com laço e tudo, estudando as medidas de comprimento e os determinantes-artigo, provamos e comprovamos, aos nossos filhos e ao mundo, o quanto gostamos deles, o quanto fazemos tudo por eles, o quanto é impossível que, do nada, um filho nos pergunte: “Mãe, tu gostas de mim?”.<br />
Então, naquele instante, as melhores respostas podem ser substituídas por uma tentativa absurda de justificar amor com factos. Ou noutras vezes, pode restar o silêncio e uma dor pequenina que se agiganta, feita das dúvidas que alimentamos. Na verdade, o problema deste tipo de perguntas que os filhos nos fazem é o medo que temos de estarmos aquém das expectativas. Não das deles! Das nossas. A expectativa que criamos de sermos perfeitos, de estarmos sempre presentes, disponíveis e sermos tudo isso com um sorriso igualmente perfeito. Mesmo que os dias no trabalho não sejam os melhores, que os problemas da rotina não sejam os mais leves, mesmo que o país e a crise e o futebol e a meteorologia não sejam do nosso agrado, exigimo-nos perfeitos, cheios de respostas luminosas para perguntas nubladas.
As minhas respostas ao “Mãe, tu gostas de mim?”, por mais variadas e expressivas que sejam, nunca lhe chegam, nunca lhe sobram.
Até eu perceber que, mais do que uma dúvida, a questão é afinal um pedido. No fundo, o Tiago não quer saber se eu gosto mesmo dele, ele quer sim que eu lhe diga que gosto, que gosto muito, que gosto sempre, e que lhe diga isso com um sorriso perfeito.
<br />
<br />
<br />
in <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4Kids Junho 2014</a>ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-35255395315598960172014-06-14T22:45:00.000+01:002014-06-14T22:45:19.223+01:00Saber de mim?<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="215" src="//www.youtube.com/embed/YSkm9dZnsIY" width="360"></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<b>
"Honra tanto esmero, cala o desespero, </b></div>
<div style="text-align: center;">
<b>É simples, tudo o que é da vida herdou sentido, </b></div>
<div style="text-align: center;">
<b>Tem-te se for tido, sabe ser vivido, </b></div>
<div style="text-align: center;">
<b> Fala-te ao ouvido e nasces tu..."</b></div>
ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-53116274454490083372014-04-30T21:03:00.000+01:002014-06-22T21:00:33.565+01:00A Minha Crónica na Lx4KIDS #3<b><br /></b>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipAf4BNLz2HvK-H4bsIexrXaSB0FTDQ3e68ueJxehgISouO2QSIaYd3OoKV_o3C4GmUSgAO0B_c-Q7_Z8lsgQQlOuJm9Nt55AXjZkNneUTrjo0xDpkASkHJEjwVgpkf7OUAGX6Pw/s1600/1526409_654160497985910_4609321724126415628_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipAf4BNLz2HvK-H4bsIexrXaSB0FTDQ3e68ueJxehgISouO2QSIaYd3OoKV_o3C4GmUSgAO0B_c-Q7_Z8lsgQQlOuJm9Nt55AXjZkNneUTrjo0xDpkASkHJEjwVgpkf7OUAGX6Pw/s1600/1526409_654160497985910_4609321724126415628_n.jpg" height="200" width="141" /></a></div>
<b><br /></b>
<b><br /></b>
<b>Só um minuto </b><br />
<br />
Apressados pelo relógio e pelas tarefas, vivemos a correr o tempo entre chegar do trabalho e voltar para ele, entre trazer a pequenada da escola e voltar a deixá-los lá pela manhã, numa espécie de maratona sem meta, numa lufa-lufa diária que não acaba, que não sossega.<br />
<br />
“Espera só um minuto” respondemos à chegada a casa, enquanto o nosso filho nos relata o auge do intervalo do almoço e da brincadeira nova que ele e os amigos inventaram. Temos o telefone a tocar, uma consulta para desmarcar, roupa para separar entre branca e com cor, roupa para apanhar antes que volte a chover e, mais uma vez, nada a descongelar para o jantar!<br />
“Espera só um minuto” respondemos enquanto o enfiamos no banho ou vestimos o pijama e ele explica detalhadamente a piada que um colega disse mesmo no meio da aula de Estudo do Meio. Nós encaixamos cuecas, meias e t-shirts nas gavetas e roupeiros pela casa e damos um salto à cozinha para desvirar a arca congeladora e descobrir algo rápido, prático, unânime e eficaz para jantarmos.<br />
“Espera só um minuto” respondemos durante o jantar, enquanto o nosso filho conta um episódio que acabou de ver na tv, rindo em soluços entre as frases. Nós queremos só cortar o bife, juntar o arroz, mastigar devagar, beber um gole de água e, depois, levantar a mesa, encaixar a louça toda dentro da máquina, arrumar a cozinha e sentar no sofá.<br />
“Espera só um minuto” respondemos entre tpc’s de língua portuguesa, matemática ou inglês, enquanto o nosso filho se multiplica em dúvidas e dificuldades, em perguntas que não entende mesmo e em resposta que não sabe onde estão. Nós só queremos ouvir uma qualquer notícia do telejornal até ao fim ou folhear uma revista ou simplesmente vegetar, no canto do sofá.<br />
“Espera só um minuto” respondemos ao nosso filho que, orgulhosamente, nos quer mostrar a melhor jogada que fez no jogo da PSP. Nós queremos falar ao telefone com uma amiga, trocar dois dedos de conversa com o marido, pesquisar isto ou aquilo no Google ou pôr “likes” nas publicações dos amigos no Facebook.<br />
<br />
“Ó Mãe, só mais um minuto” pede o nosso filho, docemente, quando avisamos que são mesmo horas de ir para a cama. Lá vai ele resignado, casa adentro, deitando-se, ouvindo a história que contamos, esticando-se nos abraços e beijinhos de boa-noite e aconchegando-se na almofada entre peluches e cobertores.<br />
Antes de irmos dormir, voltamos para ver o nosso filho adormecido, tapamos-lhe melhor o corpo, ouvimos o seu respirar e, naquele instante, temos os minutos todos só para ele.<br />
<br />
in <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4Kids Maio 2014</a>ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-24445848893032893612014-04-14T18:19:00.000+01:002014-04-14T18:19:00.318+01:00A Minha Crónica na Lx4KIDS #2<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3FH4WiaxcgYns4R2tBj0KAjTaPuXLNe_-diHjvRsfzbKtsPf314VpFWglkTrc4zCftsHezTMFKxSaeqe3vcRWxuhruWFvRymgDNC4OV2a8sb07tESqnbbGIt19L38biLMveBljQ/s1600/1911712_638721259529834_1810291366_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3FH4WiaxcgYns4R2tBj0KAjTaPuXLNe_-diHjvRsfzbKtsPf314VpFWglkTrc4zCftsHezTMFKxSaeqe3vcRWxuhruWFvRymgDNC4OV2a8sb07tESqnbbGIt19L38biLMveBljQ/s1600/1911712_638721259529834_1810291366_n.jpg" height="200" width="141" /></a></div>
<b></b><br />
<b><b><br /></b></b>
<b><b>A crescerem ao Sol </b></b><br />
<br />
<br />
Foi então que chegaram os dias de sol. Vários seguidos, sem chuva, sem nuvens,
sem frio sequer. Todos tiraram roupa, despiram casacos, trocaram calçado.
Tantos saíram para a rua, encheram esplanadas e jardins,
provaram gelados e pediram gelo na bebida.<br />
<br />
As rotinas mudaram. Mudam
sempre com os dias
da semana e as estações
do ano e, quando os finais de
tarde guardam sol, mudam
para melhor.<br />
<br />
Sempre se disse que as crianças,
como as árvores, crescem
mais na primavera. Desabrocham.
Descobrem-se. Ganham
cor e amadurecem. As
mais pequenas dão primeiros
passos e outras deixam
de usar fralda. Os maiores
desdobram-se em perguntas
e questões, dúvidas e considerações
próprias. Nós,
encantados com a temperatura
e inebriados com a luz,
acompanhamos-lhes o crescimento
e as ideias que trazem,
desvendamos-lhes mistérios
e, por vezes, queremos travá-los.
Deixá-los exatamente
como estão. Sentir-lhes mais
um pouco o corpo pequeno
enrolado no nosso. Os abraços
doces enleados nos nossos.
Os beijos suaves lambuzados
nos nossos. Vê-los
pequenos, feitos de inocência
e simplicidade, de verdade e
ilusão. Somente isso. Serem
os nossos filhos, antes de nós
sermos apenas os seus pais.
Manterem-se, só mais um
pouco, os meninos das mamãs
e dos papás, dos avós e
das professoras, que ainda os
abraçam à chegada e limpam
o nariz quando têm ranho.<br />
<br />
A primavera faz-lhes crescer
os pés e os braços, tornando
os ténis apertados e transformando
camisolas de manga
comprida em t-shirts. Dizem
mais coisas, aprendem mais
palavras, reparam nas pessoas
que passam e nos prédios
que crescem. Falam do que
viram e ouviram, pensam
coisas deles e defendem ideias
que criam. Olham mais longe
e reparam melhor.<br />
O bem que
o Sol faz aos nossos filhos é
proporcional ao medo que
temos por os perdermos, por
serem cada vez mais eles próprios
e menos nossos. Por eles
crescerem tanto e pertencerem-
nos menos, tornarem-se
autónomos e donos das vontades
que trazem.<br />
<br />
Então, sabemos lá no fundo,
olhando-os de soslaio entretidos
nas coisas que são só deles,
que chegará o verão e voltará
o inverno e que os nossos
filhos crescem, mudam, sem
culpas nem desculpas da
primavera ou do Sol. Crescem
na medida precisa do
que crescemos nós também,
quando tínhamos a idade
deles e nem imaginávamos
o quanto os nosso pais nos
queriam ter pequenos, sentir-
nos parte deles, fechados
no colo, enleados no abraço,
lambuzados de beijos.
Até hoje.<br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">in </span><a href="http://lx4kids.pt/" style="background-color: white; color: #33aaff; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" target="_blank">Lx4KIDS Abril 2014</a>ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-62396213098260593892014-04-08T22:08:00.002+01:002014-04-08T22:08:27.663+01:00Dia ∞<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfiBqaZAHsHwhPDpnxfg1y7rS_bdmSrJPhx2PzKzzyF1dbsEKNDxBpTNTyAtTIvLCd6rv-M3TjIDln5zPRpqwI48li1j07Hr6o4wjhR9BUTlzKeM-u8R1We188_FxDAsUGDwJVxw/s1600/63341e1ae7e9b1a6ca8b3b962b451f25.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfiBqaZAHsHwhPDpnxfg1y7rS_bdmSrJPhx2PzKzzyF1dbsEKNDxBpTNTyAtTIvLCd6rv-M3TjIDln5zPRpqwI48li1j07Hr6o4wjhR9BUTlzKeM-u8R1We188_FxDAsUGDwJVxw/s1600/63341e1ae7e9b1a6ca8b3b962b451f25.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="40" src="//www.youtube.com/embed/5smV9zlR5Dc" width="240"></iframe></div>
ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-44648150356075102052014-04-02T18:40:00.000+01:002014-04-02T18:40:00.410+01:00Há 3 coisas......no meu filho perfeitamente adultas:<br />
<br />
1.quando quer alguma coisa diz "eu"<br />
2.quando a conversa inclui estudar, tpc's e outras obrigações diz "nós"<br />
3.quando algo corre mal diz "eles"ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-5818356822319554222014-03-31T21:09:00.000+01:002014-03-31T21:09:04.536+01:00Não sei mesmo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVwSRXZIQiDHofW-RUrdcb_Tc5Nqpahkm9EX_oKu0Ir1VzUc_uu8PgK2lpG3dzQRGSXU9dR4EMZxCvdd2gY6IqC7GyYykPrZsgR5FFNZZ9TfM20PLzeq3H-LQzOyugH1dHz3EtBA/s1600/Paulo+Galindro+Ilustra%C3%A7%C3%A3o+executada+em+iPad+Agosto+de+2013+para+Encontro+Eterna+Biblioteca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVwSRXZIQiDHofW-RUrdcb_Tc5Nqpahkm9EX_oKu0Ir1VzUc_uu8PgK2lpG3dzQRGSXU9dR4EMZxCvdd2gY6IqC7GyYykPrZsgR5FFNZZ9TfM20PLzeq3H-LQzOyugH1dHz3EtBA/s1600/Paulo+Galindro+Ilustra%C3%A7%C3%A3o+executada+em+iPad+Agosto+de+2013+para+Encontro+Eterna+Biblioteca.jpg" height="320" width="226" /></a></div>
<br />
<br />
O meu filho diz que eu respondo muitas vezes “não sei”. O meu “não sei” vale para problemas de matemática com casas decimais e frações, datas de nascimento de jogadores de futebol e para perguntas feitas de madrugada como “Mãe, como é que eu venço os meus medos?”.<br />
<br />
O “não sei” muito mais do que uma resposta é uma não-resposta, é um “que pergunta essa agora!” ou um sussurrar comigo de “e agora que digo eu?”.<br />
Quando o “não sei” é, efetivamente, “n-ã-o-s-e-i” não vale nada, não significa nada, não se ouve sequer. Porque a Mãe tem de saber tudo: a que horas chegamos, a que horas vamos, quem ganha a quem, em que canto da baliza entrou a bola, o que vai ser o jantar e o almoço da semana que vem, quando vai a chuva e vem o sol, quanto é 8x7 e o que fez Diogo Cão em 1482.<br />
<br />
“Não sei” não é resposta, tal e qual como “porque sim” e “porque não”, “porque tem de ser” e “porque não dá”.<br />
<br />
A primeira vez que o Tiago me disse “estás sempre a responder não sei” guardei o assunto para depois. Fiz-me polícia das minhas próprias palavras e, a cada “não sei”, questionava-me: seria um “não sei” verdadeiro ou falso?<br />
A pressa com que, tantas vezes, enchemos os finais de dias tornam as respostas vazias.<br />
Então, decidi pensar sempre mais um pouco antes de responder... “não sei”, assegurando-me que não sei mesmo.<br />
Assim,
fizemos trabalhos de casa de matemática e descobri que “não sei mesmo” o que raio são os “gráficos caule folha”.<br />
Treinámos si-lá-sol na flauta para o teste de música e confirmei que “não sei mesmo” porque razão, estando os dedinhos do Tiago a taparem os buraquinhos certos, o sol sai desafinado.<br />
Lemos alto uma composição em inglês para ele apresentar na aula e atestei que não sei mesmo dizer algumas palavras com a pronúncia perfeita, tais como “also” ou “tomato”.<br />
Vimos o jogo do Benfica e jurei que “não sei mesmo” em que clubes jogou o Funes Mori antes de ali chegar.<br />
Analisámos juntos uma borbulha que o Tiago tem na perna e repeti-lhe que “não sei mesmo” como apareceu ela por ali e porque o chateia tanto. <br />
Lemos juntos antes de dormir e, no final do capítulo, expliquei-lhe que não sabia como acabava o livro porque nunca o li antes.<br />
<br />
Naquela noite, o Tiago não conseguia adormecer. Chamou-me dezenas de vezes. Ouvia barulhos nas escadas, nas paredes, na rua, dentro da cabeça. Levantava-se e deitava-se. Foi fazer vários chichis e pediu água. Despiu as meias e pediu outras. Tirou um edredão e pediu mais um cobertor. Apagou e ligou luzes sem parar.<br />
Adormeci e acordei umas quantas vezes mantendo-se ele de olhos abertos, saltitando da cama dele para a minha com perguntas, dúvidas e medos.<br />
Lá pela uma da manhã voltei a despertar de um sono fraquinho com a voz dele, encostado à minha cara, dizendo: “Mãe, como é que eu faço para ultrapassar os meus medos?”.<br />
Cansada, irritada, desfalecida... respondi “não sei”.<br />
<br />
Em frente aos olhos turvados pelo sono, vi gráficos de caule e folhas cheios de dezenas e unidades, vi notas musicais desafinadas por flautas mágicas, ouvi palavras em inglês na mais brilhante das pronúncias, enchi-me de borbulhas pequeninas e adivinhei o final da história do Capitão Cuecas.<br />
E chorei.<br />
Não de sono, nem de irritação, nem de cansaço.<br />
Chorei por não saber como se vencem medos. Do escuro, dos ladrões, dos barulhos ou dos pesadelos. Chorei por tudo o que não sei. Pelos medos do Tiago espelhados nos meus. Pelo tempo que se perde. Pela angústia que se prende. Pelas perguntas que se calam. Pelas certezas que se perdem.<br />
Chorei por não saber tanto, por não saber nada.<br />
Chorei porque não sei. Não sei mesmo.<br />
<br />
<br />
<br />
<a href="http://pintarriscos.blogspot.pt/" target="_blank">Ilustração</a><br />
<br />ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-82860838580355160762014-03-10T22:32:00.003+00:002014-04-14T12:20:11.437+01:00A Minha Crónica na Lx4KIDS #1<i>Nota prévia</i><br />
<i>Inicio neste mês de março uma crónica mensal na novíssima revista <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4KIDS</a>, de distribuição gratuita, feita a pensar nas crianças e nos pais que ainda não descobriram a verdadeira magia de Lisboa. Aqui irei partilhar, mensalmente, as minhas crónicas que preenchem a página de fecho da revista.</i><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-jkvvDBXeIjcSXGQWAr16JAUIaa1DyYkPPFTW8kiT_yYfUVLiLgmPf0Pvgaq91y9T3wjXg9gs9FJi9Iok5kO89wDhRMS__B4H6Wuxz2RIcD5nzHjQAR3_SD16bn2xO-LvpYxFlw/s1600/1959960_628560110545949_666950718_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-jkvvDBXeIjcSXGQWAr16JAUIaa1DyYkPPFTW8kiT_yYfUVLiLgmPf0Pvgaq91y9T3wjXg9gs9FJi9Iok5kO89wDhRMS__B4H6Wuxz2RIcD5nzHjQAR3_SD16bn2xO-LvpYxFlw/s1600/1959960_628560110545949_666950718_n.jpg" height="200" width="141" /></a></div>
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<b>Dias cheios de tempo</b><br />
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Uma das melhores coisas de ser criança é o modo como olhamos e sentimos o tempo. A par da
despreocupação, a ilusão que a vida é infinita e que o tempo tem o dobro do valor, são memórias de
ontem, quando crescemos, e de que sentimos tantas saudades.<br />
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Para uma criança, um dia está cheio de horas imensas. Em cada minuto cabe um sonho. Em cada
hora cabe um ano. Em cada ano cabe o mundo. O mundo que consegue equilibrar na palma da mão!<br />
É tudo gigante mas perfeitamente alcançável quando forem grandes, quando crescerem...<br />
Para nós, os pais, as horas são contas certas. Entre a hora do toque de entrada e o toque de saída,
encaixamos o trabalho e as burocracias, os afazeres domésticos e um ou outro projeto pessoal, numa
luta de calendários e horários que nem sempre dá “resto zero”.<br />
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Então, o que fazer? Como fazer? Como gerimos o nosso horário e o horário dos mais pequenos num
equilíbrio saudável, num encontro de interesses e benefícios, de razões e soluções? Arranjamos-lhes
afazeres. Atividades de tempos livres, salas de estudo, desportos mil, lições de música, explicações
de uma ou outra disciplina mais periclitante. Objetivos e interesses que, em muitos casos, refletem
gostos e tendências dos pais, sonhos de infância que não viveram, talentos que não concretizaram,
dons que deixaram por explorar. Então, a voz límpida da mãe ouve-se da garganta da filha e os
toques mágicos do pai com a bola são chutados para o pé do filho.<br />
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Nesta coisa do tempo o mais importante é ocupá-lo e libertá-lo. Fazer dele o melhor que ele tem
para dar a cada um. Refletindo interesses e vontades próprias. Para que as crianças vivam dias
cheios de si próprias. Para que entre as aulas e as matérias extensas, entre o toque de entrada e o
momento do regresso a casa, os nossos filhos sejam exatamente o que são e como são. Sem serem
nunca uma extensão de nós, sem terem de usar o melhor do tempo deles a viver sonhos dos pais.<br />
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Depois, há que oferecer-lhes tempo. Abrir espaços que os deixe pensar, simplesmente estarem,
serem pequenos e sentirem o tempo infinito e vago. Para que tudo o que vivem, dentro dos seus
dias cheios, germine, floresça, faça sentido, lhes abra o olhar e multiplique o pensamento. Para
que dentro de cada dia possam ser, apenas, crianças e verem o mundo a girar na palma da mão, tão
pequeno perante o tamanho do tempo por viver.<br />
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in <a href="http://lx4kids.pt/" target="_blank">Lx4KIDS Março 2014</a>ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-3980586186598728652014-03-08T22:38:00.000+00:002014-03-10T22:38:28.913+00:00Dia ∞<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHXxEj_s8TzQ3CK5WUYXj1SqwjsyfofK6OhTJYewjcoIQ0hjukENID6dIha3VuqyYmUIWXk6BJV0xge7Lkqih-gLcdaIcB6fc2wOZzAZtrBC6-9HuAmq0jJoFoc1EUL-WHm1BpJQ/s1600/cd9cf1a2d4eb1d4523b8243607f7f472.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHXxEj_s8TzQ3CK5WUYXj1SqwjsyfofK6OhTJYewjcoIQ0hjukENID6dIha3VuqyYmUIWXk6BJV0xge7Lkqih-gLcdaIcB6fc2wOZzAZtrBC6-9HuAmq0jJoFoc1EUL-WHm1BpJQ/s320/cd9cf1a2d4eb1d4523b8243607f7f472.jpg" /></a></div>
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ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-44939707390887912122014-02-28T21:18:00.000+00:002014-02-28T21:18:07.522+00:00Se eu fosseum cartoon<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyDZ3anMPSTO9qk1J4HrbXs8DAVYQ25U_Cfe709G7vq874ixh4nVSlZOjg0HM4H5vUWl7k0NO82AvSTprZG8cuxv9RXFUcGUWhXRFcFy3e-uNBGNQcd2mcovqgwHWRFjBa_0xfFw/s1600/52d4108304079bd274df4d44d26f3ebc.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyDZ3anMPSTO9qk1J4HrbXs8DAVYQ25U_Cfe709G7vq874ixh4nVSlZOjg0HM4H5vUWl7k0NO82AvSTprZG8cuxv9RXFUcGUWhXRFcFy3e-uNBGNQcd2mcovqgwHWRFjBa_0xfFw/s1600/52d4108304079bd274df4d44d26f3ebc.jpg" height="228" width="320" /></a></div>
ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14779538.post-20271465885104691482014-02-26T19:05:00.000+00:002014-02-26T19:05:00.472+00:00De mim comigoOuço sempre com algumas reticências aqueles desabafos comuns de pessoas que estão permanentemente a ser desapontadas por outras, que tinham como amigas ou como amores ou cujos laços familiares as faziam parte conjunta. São comuns considerações como <i>“as pessoas que mais gostamos são as que mais nos dececionam”</i> ou <i>“mais uma vez descubro o que as pessoas são de verdade”</i>, numa tentativa de comiseração que, logo à partida, recuso.<br />
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Eu sei que a teoria da idade - <i>“Vive mais anos e vais ver”</i>, já ouço algumas vozes profetizar – até pode ter peso nestas coisas das relações humanas, mas eu – Felizarda! Felizarda! - não guardo desilusões.<br />
Ou já as esqueci, e daí se vê a importância que tais pessoas possam ter tido na minha vida, ou então protegi-me a tempo. E é por aqui que quero ir.<br />
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Há muitos anos que ouço sobre mim que não sou de dar muita confiança, à partida, que não sou expansiva nem de simpatia imediata. Gosto disso.<br />
Acho que tenho faro para pessoas que são de desconfiar. Quando dou por mim já cortei, já retirei confianças, já dei três passos atrás e empunhei o escudo. Desconfio muito mais do que confio e, talvez por isso, é que as pessoas me surpreendem muito mais pela positiva... do que o contrário.<br />
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Tenho uma mão cheia de histórias recentes, que metem trabalhos e partilhas, que provam isto mesmo. De pessoas que tenho como minhas mas com quem não falo todos os dias, nem todos os meses... nem todos os anos, sequer. Mas que, numa oportunidade, é de mim que se lembram e pegam no telefone ou carregam nas teclas do e-mail para me fazer parte de algo, para me recomendar para alguma coisa, para dividir comigo algo bom que conseguiram e que também me pode beneficiar.<br />
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É então que sinto o poder da gratidão e, por mais que tente expressá-la, tudo me soa fraco e levezinho. Por vezes, queria ter “néons” no céu que piscassem para alguém dizendo “Obrigada! Obrigada!”. Ou então queria recompensar cada um com o tamanho daquilo que me deu.<br />
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Sou muito abençoada pelas pessoas a quem chamo amigas. Tenho muitos amigos e amigas, pessoas de quem gosto mesmo, de quem gosto mesmo muito, a quem dou abraços apertados quando nos vemos, de quem sinto saudades sem fim quando não estamos perto.<br />
Pessoas para quem desejo tal e qual o que desejo para mim própria.<br />
Pessoas a quem escrevo do nada e digo “gosto de ti”, pessoas que me mandam mensagens só para saber se estou bem.
Nunca hei-de esquecer um telefonema madrugador de uma amiga, que vive a mais de 200 quilómetros, e com quem falo quatro ou cinco vezes por ano, perguntando-me apenas se estava bem porque tinha sonhado comigo e ficou preocupada.<br />
Nunca hei-de esquecer as vezes que alguns amigos deixaram de fazer as suas coisas para me ajudar nas minhas.
Nunca hei-de esquecer abraços que recebi em momentos certos... ou incertos.<br />
E, por estes dias, nunca terei “obrigadas” suficientes a quem me ajudou a ter os dias cheios de trabalho, de projetos e de uma compensação incomparável que vai muito para além do dinheiro.<br />
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Então, as minhas amizades, são feitas de boas surpresas e de inesperados positivos. Dizendo eu, de mim comigo: “Olha que bom! Não estava nada à espera!” e o nada ser um tudo tão acertado no momento presente.<br />
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Que chegue a idade e que se desvendem as relações humanas, que permaneçam as desilusões alheias com as pessoas que escolheram, que eu quero as minhas pessoas tal e qual como são, como eu as fiz para mim: quando desconfio uma vez, não confio mais; e quando confio... desconfio um pouquinho para depois confiar sempre. Sempre mais.ARhttp://www.blogger.com/profile/18286797511472741358noreply@blogger.com0