03 fevereiro 2008

Cuidar de nós



Manter um nome para manter um espírito, uma ideia que nasceu quando a barriga trazia uma surpresa e os dias cumpriam um ritmo desconhecido. Fazer dos refúgios novos espaços para sonhos nunca desfeitos, para ideias persistentes, para sentimentos que mudam mas não se extinguem, para regressos de tempos que, afinal, nunca partiram.


Voltar às páginas em branco para as encher de tudo e ignorar o vazio, saber que haverá sempre palavras, que haverá sempre razões para acreditar, que tudo o que é eterno é desafiante, que tudo o que nos muda nos completa e que voltar atrás é, muitas vezes, mais difícil do que dar passos em frente.


Este é o meu refúgio, o palco onde mascaro os rostos para lhes despir o corpo, para lhes iluminar a alma e vê-la, assim, à transparência. Este é o abrigo do que escrevo entre pedaços da minha história que compõem o todo da minha vida. Aqui vive o Tigy que me transforma todos os dias, que traz à superfície os meus maiores medos e toda a minha fragilidade. No entanto, e só por isso, me faz tentar ser cada vez melhor. Por aqui paira um Beguinho de uma Beguinha, aquele que me encontra na escrita para me sugar os defeitos e me revestir de uma beleza e de uma perfeição que não mereço, que não tenho. E aqui se escondem os traços do que vejo e do que sinto mas demoro a revelar, numa tentativa ingrata de ser quem sou só para mim.


Escrever para ser lida. Escrever para ver crescer o que é a escrita e o que é viver dentro dela. Escrever para saber que as melhores coisas da felicidade se conquistam por dentro. Aqui por dentro do que somos. Cuidar deste lugar como se cuida do nosso maior amor, dos nossos mais fortes sonhos, das nossas pessoas, aquelas que realmente importam, as que justificam tudo e que vieram para ficar. Cuidar deste segredo como se cuida de nós. Abraçando sempre todos e quaisquer acasos ou possibilidades.

15 comentários:

Anónimo disse...

...saber que HAVERÁ sempre palavras, que HAVERÁ sempre razões para acreditar...

(com carinho e solidariedade)

AR disse...

Olá anónimo.
Agradeço a correcção apesar de depois de algumas pesquisas não a saber, ainda, correcta. De qualquer forma vou investigar e logo farei, ou não, a devida correcção. Mas muito obrigada pela atenção.

sombra_arredia disse...

Novo look no Banner! Sim senhora, gostei ainda mais deste :))
..
Continua assim a "despir-te" nessas folhas em branco,sem relutância e sem medos;continua a não guardar tudo nesse coração..pq afinal,como diz o Rui Veloso " Mt + é o que nos une, do que aquilo que nos separa"
1 bj*

RB disse...

Uma calma que transpira inquietura natural de quem cuida e de quem cuidará sempre daquilo que é tão somente nosso.
Um beijo meu

Unknown disse...

O que tem custado é encontrar-te os defeitos que não tens e uma fealdade que não é a tua. Essa beleza e perfeição já te conheço. Felizmente tu sabes perdoar-me porque eu não tenho essa capacidade para comigo mesmo. Tens prova disso mesmo na generosidade deste texto, presente em todos os cuidados que pões no nosso maior amor e em cuidar de nós. Conta com minha visita diária e minha atenção a cada dia.
E-mimo de E-mitu!

Jane & Cia disse...

nas palavras refugiadas o encontro, tão certo do mundo (tão vosso) revelado. No seio do que é descrito e escrito, também o que se sente (refugiando) passa aqui a ser universal.

Sempre deliciada em saber-vos!

Anónimo disse...

Acredita que é "haverá"...
O verbo "haver" não possui plural!

Bjs grandes e lindo texto, como sempre!

Anónimo disse...

Digo, o verbo "haver" com o sentido de "existir", como é o caso!

Bjs grandes

AR disse...

Mais uma vez obrigada e sim tens toda a razão. Sempre a aprender! Vou corrigir de imediato.

ddm disse...

Gostei muito, como sempre aliás. :)

BlueAngel aka LN disse...

Amiga,

fico sempre tão tranquila com os textos e tão maravilhada com a forma como brincas com as palavras para transmitires o que te vai por dentro. Lindo como sempre!!! beijocas larocas com amizade

Docinho disse...

Se há sítio onde me encontro... é aqui!
Até na música... linda... a minha Mafalda!

Beijos em silêncio

Poesia Portuguesa disse...

Escrever pode ser (é para mim) um lavar de alma...

"...Escrever para ver crescer o que é a escrita e o que é viver dentro dela. Escrever para saber que as melhores coisas da felicidade se conquistam por dentro. Aqui por dentro do que somos."

Sinto estas palavras como se fosse eu a escrevê-las...

Um abraço e grata pela partilha

;)

Catarina Araújo disse...

Lindo!

Ana disse...

muito bonito!

um beijinho