10 março 2014

A Minha Crónica na Lx4KIDS #1

Nota prévia
Inicio neste mês de março uma crónica mensal na novíssima revista Lx4KIDS, de distribuição gratuita, feita a pensar nas crianças e nos pais que ainda não descobriram a verdadeira magia de Lisboa. Aqui irei partilhar, mensalmente, as minhas crónicas que preenchem a página de fecho da revista.


Dias cheios de tempo

Uma das melhores coisas de ser criança é o modo como olhamos e sentimos o tempo. A par da despreocupação, a ilusão que a vida é infinita e que o tempo tem o dobro do valor, são memórias de ontem, quando crescemos, e de que sentimos tantas saudades.

Para uma criança, um dia está cheio de horas imensas. Em cada minuto cabe um sonho. Em cada hora cabe um ano. Em cada ano cabe o mundo. O mundo que consegue equilibrar na palma da mão!
É tudo gigante mas perfeitamente alcançável quando forem grandes, quando crescerem...
Para nós, os pais, as horas são contas certas. Entre a hora do toque de entrada e o toque de saída, encaixamos o trabalho e as burocracias, os afazeres domésticos e um ou outro projeto pessoal, numa luta de calendários e horários que nem sempre dá “resto zero”.

Então, o que fazer? Como fazer? Como gerimos o nosso horário e o horário dos mais pequenos num equilíbrio saudável, num encontro de interesses e benefícios, de razões e soluções? Arranjamos-lhes afazeres. Atividades de tempos livres, salas de estudo, desportos mil, lições de música, explicações de uma ou outra disciplina mais periclitante. Objetivos e interesses que, em muitos casos, refletem gostos e tendências dos pais, sonhos de infância que não viveram, talentos que não concretizaram, dons que deixaram por explorar. Então, a voz límpida da mãe ouve-se da garganta da filha e os toques mágicos do pai com a bola são chutados para o pé do filho.

Nesta coisa do tempo o mais importante é ocupá-lo e libertá-lo. Fazer dele o melhor que ele tem para dar a cada um. Refletindo interesses e vontades próprias. Para que as crianças vivam dias cheios de si próprias. Para que entre as aulas e as matérias extensas, entre o toque de entrada e o momento do regresso a casa, os nossos filhos sejam exatamente o que são e como são. Sem serem nunca uma extensão de nós, sem terem de usar o melhor do tempo deles a viver sonhos dos pais.

Depois, há que oferecer-lhes tempo. Abrir espaços que os deixe pensar, simplesmente estarem, serem pequenos e sentirem o tempo infinito e vago. Para que tudo o que vivem, dentro dos seus dias cheios, germine, floresça, faça sentido, lhes abra o olhar e multiplique o pensamento. Para que dentro de cada dia possam ser, apenas, crianças e verem o mundo a girar na palma da mão, tão pequeno perante o tamanho do tempo por viver.

in Lx4KIDS Março 2014

1 comentário:

Luz13 disse...

É como diz Aline da Cidade das Pirâmides, “A vida é como o mar, hora manso, hora de ressaca, perigoso, mas lindo em suas manifestações”. Veja o programa www.deolhonomundo.com você irá gostar muito! Abraços.