11 dezembro 2013

Equilíbrio

Por um lado,
deito o Tiago às 10h20 e lemos na cama dele, uma página a cada um, duas para mim e meia para ele, conforme o cansaço da minha voz ou o peso das pálpebras dele. Lemos dois livros, quando segundo os padrões dele são "pequenos". Lemos 3 ou 4 capítulos de livros maiores, já de gente mais crescida, que deixamos guardado com um marcador para o dia seguinte. Uma rotina diária desde que ele era bebé e queria todas as noites a mesma história do "Boa noite, Ursinho". Agora, na noite de hoje, ficou roído de curiosidade - e ousou mesmo folhear umas páginas de olhar excitado - para saber se o Charlie da Fábrica de Chocolate consegue um bilhete dourado, ou não, para ir conhecer o Willie Wonka.

Por outro lado,
deito-me eu lá para as 11h40 e leio na minha cama, os meus livros. Dois ou três capítulos quando gelam os braços e as pontas dos dedos; oito, nove ou dez, nos dias de menos sono, de menos frio, de um melhor livro ou de um maior vício. Leio livros grandes, os que mais adoro. Leio livros pequenos que guardo durante meses à espera de uma oportunidade. Leio livros bons, dos que deixam saudades. Leio livros "mais-ou-menos", que fluem apressadamente, aspirando o próximo. Agora, na hora de ir deitar, estou como o Tiago adormeceu hoje: roída de curiosidade para saber o que andam a fazer os "homenzinhos" do Millás.


Sem comentários: