23 dezembro 2013

20 coisas que eu quero que o meu filho
saiba até ao Natal até ao final do ano sempre

#19

É muito mais fácil ser infeliz.
A infelicidade não faz sombra aos outros, não lhes faz cócegas nos pés ou nas ideias que têm dentro da cabeça, por poucas ou fracas que sejam, dominadas pela inveja ou pelo desânimo. É bem melhor lamentarmo-nos do que regozijarmo-nos.
É bem mais simples chamar alguém para repartir desilusões e mágoas do que para festejar. É bem mais natural que outros dividam tristezas connosco, se aproximem quando nem tudo corre bem, do que estarem sinceramente ao nosso lado no melhor que nos acontece. Apesar das aparências.

As pessoas chegam-se mais quando estamos imbuídos de infelicidade porque não a levam consigo, porque as ajuda até a darem valor à sua própria vida, ao bem que têm ou que negligenciam. A felicidade dos outros torna-os rancorosos ou nervosos, invejosos ou temerosos: “será que algum dia eu também serei feliz assim?”...
Enquanto a infelicidade não é contagiosa, não passa de mão em mão, entristecendo realmente olhares por onde passa; a felicidade é tudo isso e muito mais. Torna vidas pequeninas em vidas minúsculas, torna remorsos e dores alheias em rastilhos de sofrimento.

Falam muito mais de nós quando inclui “coitadinha” do que quando a frase tem “que bom!”. Até parece que a primeira expressão soa sempre mais sincera do que a segunda, que leva um nervoso miudinho de pequeninas raivas ou grandes invejas.
Sempre recusei a expressão de "os amigos são para as ocasiões". Por acaso sempre achei que a amizade não era coisa exclusiva de momentos maus ou de dificuldades. Sempre a senti transversal à própria vida. Com o tempo, com a idade, com as coisas dos momentos, comecei a ver a frase de outra perspetiva. Acho que há “amigos” que, estranhamente, são mais para as más ocasiões e que se eclipsam nas boas.

Então, o segredo, a difícil missão, o grande desafio, está em saber quem fica de um lado e quem colocamos no outro, quem conta para rir e para, depois, nos encostar no ombro e apertar o corpo. Distinguir bem quem sabe ser tão inteiro e tão verdade quando nos encontra a sofrer, para depois ser exatamente igual quando nos vê bem... tão bem.
Tenho a grande felicidade de conhecer bem as pessoas que tenho, como minhas, as que contam, as que já choraram comigo... chorando mesmo que não lhes tenha visto as lágrimas. São, precisamente as mesmas que, nos dias de hoje, enchem as palavras e os olhos para serem felizes comigo, para engrandecerem o bem que me sinto, para também elas ficarem bem pelo bem que tenho, para elas comigo, a meu lado, serem inteiramente, verdadeiramente, elas próprias. E sermos amigos nas ocasiões. Sejam elas quais forem.

Então, este Natal...



*Rodeia-te daqueles que te ajudam a ser quem és.

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