01 novembro 2005

Palavras dos outros


Sempre gostei de citações. Desde que comecei a ler que aponto as frases que mais gosto e que vou encontrando ao longo dos livros. Guardo esse hábito desde o tempo em que devorava "O Clube das Chaves", "Uma aventura" e os livros da Alice Vieira... Ah! Que saudades dessas tardes no sofá, a sentir-me parte das histórias, a questionar-me "Como é que aquela senhora me conhecia tão bem?!" Estava, então, no auge da adolescência e vivi essa fase tão peculiar com todos os seus exageros e dramas: com as mudanças de humor, com a tendência para a solidão, com a primeira palpitação dos sonhos, até com a mistura de ficção e realidade, de paixão e admiração... Mas essa é outra história!
Voltando à Alice Vieira: ainda hoje leio os seus livros e ainda hoje mantenho com ela, a própria, uma "amizade virtual" feita de cartas trocadas, de vidas relatadas e de um sentimento muito estranho, mas comum, de nos mantermos assim, perto do papel e afastadas do olhar.
Já repeti muitas vezes que gostava que os meus filhos lessem os livros da Alice e encontrassem neles o mesmo que eu: uma identificação de sentimentos, um escape para as dúvidas da idade, um refúgio para uma infelicidade que mais não é do que a dor do corpo ao crescer. Guardo impecavelmente todos os examplares, onde me refugiei durante algumas horas vivendo a minha adolescência e, apesar de ter consciência que alguns livros têm um carácter marcadamente feminino, guardo, também, este desejo de um dia os ver desfolhados pelas mãos do Tigy e, no fim, espreitando sem me denunciar, ver no seu olhar que ali encontrou um reflexo fiel dos seus mais profundos sentimentos. E, depois, que ele saiba guardar, e resguardar, cada livro tão carinhosamente como eu o tenho feito ao longo dos anos.

Do lado direito do ecrã nasce, agora, um novo espaço.
"Palavras dos outros" é o fruto dessa minha admiração pelos livros e desse meu hábito de registar, num caderno, as melhores citações. Contudo elas não provêm somente dos livros que leio, encontro-as, também, nas revistas e nos jornais, na televisão e na rádio, até nas conversas que ouço, nas conversas que tenho.

3 comentários:

Carolina disse...

Que coincidência,também adorava ler "Alice Vieira" quando era miúda:)
Li "Chocolate à Chuva","Paulina ao Piano","Flor de Mel","Águas de Verão"...O último que li foi o "Se perguntarem por mim digam que voei". Mas nenhum me deu mais prazer a ler(e reler) do que o "Lote 12-2ºFrente". A história da "Mariana" vai ficar para sempre gravada na minha memória "infanto-juvenil".
Já coloquei o teu link no bo-bo-le-ta. Ainda bem que gostaste,podes voltar sempre:)
beijinho para o Tigy*

Anónimo disse...

...Hummm... De repente parece que li algo escrito por mim...
Muitas vezes trocamos os nossos cadernos de pensamentos...

sombra_arredia disse...

...tá lindo esse espaçinho"do lado direito"...
...aquele "movimento" dá-lhe um ar de efémero...que "rima" com as potencialidades que as palavras têm :)

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tb eu, desde cedo, guardo um caderninho c/ as "palavras dos outros"...e continuo a fazê-lo!