01 janeiro 2013

20 coisas que eu quero que o meu filho
saiba até ao Natal até ao final do ano sempre

#14


Se há coisa que mesmo aqueles que me conhecem pouco, ou mal, sabem sobre mim é que sou muito calma. A calma nem sempre é uma qualidade. Explodir e extravasar deve ser algo eficaz em certas situações da vida. Eu, para chegar a um limite, percorro muitos caminhos alternativos. Gasto nas tentativas diárias todas as possibilidades. Compreendo quase tudo. Tento, só mais uma vez. Calo-me. Deixo passar.
Tudo inebriada por essa calma, pela minha calma.

Uso-a até à última réstia nas teimosias do Tiago. Até parece que, de vez em quando, o ajudo a esticar a corda em vez de a cortar, de vez. O truque, antes da combustão, é não ouvir. É desviar. Mas por vezes é ceder. Só daquela vez. E de outra ainda. Fazendo de conta, para mim própria, que desconheço a importância do "não" ou a falta que ele lhe faz, para crescer.

Quando se vai a calma, se esgota a última réstia de um depósito extra, quando a corda rebenta e não há espaço para uma última cedência... eu grito. Os gritos doem-me na garganta e cansam-me no final de um dia. O Tiago definitivamente ouve-os. Nós dois, juntos, misturamos o regresso à minha calma com as desculpas dele e prometemos, um ao outro, com juras do coração, da próxima vez cumprirmos o pacto: eu não grito e ele não me faz gritar ou ele obedece e fim de história.

Contudo, nada está previamente escrito, ensaiado e perspetivado. Ser Mãe - como ser Filho - também se faz de tudo isso: de não ouvir e de falar mais alto, de não obedecer e de ser obrigado a tal.

Numa das muitas tentativas de contagiar o Tiago com a minha calma comprámos juntos o livro "Quando a Mãe grita...", uma história amorosa de um Pinguim que se parte em pedaços quando a Mãe grita com ele, fazendo com que ela vá pouco a pouco juntando-lhe as partes e reconstruindo-o.

Sinceramente, não sei quem se desfaz em pedaços mais pequenos quando eu grito: eu ou o Tiago. Mas sei que, quando acontece, corro a buscar o livro e leio-o. Na verdade, o que está acordado é ele fazer parte da leitura de antes de dormir num dia em que a nossa relação de Mãe e Filho não foi das mais bem sucedidas.

Então, o blogue "Mum's the boss" lançou um novo desafio para este janeiro: "Berra-me baixo", parte das suas ideias de parentalidade positiva que eu sigo, admiro e tento cumprir diariamente. O objetivo é esse mesmo: durante um mês treinar o auto-controlo, a voz e a firmeza.

A minha missão começa amanhã, com o regresso do Tiago e prestes a voltar a rotina do escola - trabalho - escola - casa. Um mês inteiro a berrar... baixinho, a apertar laços de uma relação sem ano, sem limites, sem barreiras.

Tiago: cumpre a tua parte.
Eu já estou dentro da minha.





À parte:
Feliz 2013 para todos os que me leem, os mesmos que me enviam mails e comentários por aí pedindo para escrever sempre, para escrever mais. Obrigada por terem ajudado a fazer de 2012 um dos anos mais bem sucedidos dos Refúgios de Felicidade.



3 comentários:

Mum's the boss disse...

Vai ser taooooo bom! O Tiago vão cumprir sabe porquê? Porque comportamento gera comportamento.
Um beijinho!!

Pedro disse...

irei ver pois cá por casa eu grito mas calma existe e muitas vezes demais.

Anónimo disse...

Your mother disse....
Que bom esta ligação..MÃE.. FILHO!!!
Que bom saber que se amam e que se sabem desculpar!!!
Que bom serem Felizes com o pouco/muito que têm!!
Um beijinho!!