o meu Pai
Pai
No meu quarto de estudante, onde vivi sete anos partilhando a casa com amigas para a vida, tinha uma parede cheia de poemas, frases e pedaços de canções, em folhas A4 que coloria com bonecos e colava frente à cama e à secretária para decorar. Substitutos originais, e até bem mais valiosos, dos quadros proibidos, pelos furos dos pregos numa parede arrendada.
Quando acabei o curso e naquela tradição das fitas que a família e os amigos escrevem, a surpresa foi grande ao recuperares um dos retalhos da decoração da minha parede, revestindo-o com uma moral à laia de desejo ou de conselho.
Escreveste, então, numa fita branca, com a tua letra desenhada:
"No teu quarto de estudante li Viver é desenhar sem borracha.
Penso nisto. Todos os dias.
Todos os dias mesmo.
Sem ser e sem querer ser de outra forma.
Os bons desenhos, os bons textos, as melhores vidas, chegam depois de erros, de falhas, de dúvidas, de muitos enganos.
Mas quando até parece que fazia jeito a borracha, lembro da parede do meu quarto de estudante, da frase, da fita e daquilo que lá escreveste e sei que (in)felizmente não se acerta sempre, mas o segredo está em andar para a frente depois disso. Sem apagar absolutamente nada.
3 comentários:
Só tu para me fazeres chorar....
Segue a tua vida, de cabeça erguida, sem borracha no estojo, como só tu o sabes fazer.
Acredita que a recompensa vem lá do "CIMO".
YOUR MOTHER
Nem mais.
Emocionei-me imenso ao ler estas linhas.
Continua... sempre.
Beijinhos***
Ai maninha, estou de olhos rasos de lágrimas pelo relembrar das sábias escritas do pai. Lembro-me perfeitamente desta tua fita assim como me recordo do que o pai escreveu na minha, não nas palavras exactas mas em tudo parecido com: Terminou a tua vida de estudante, agora começa a vida... e é bem verdade!
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