Quando inventei o nome deste meu lugar vivia realmente um momento de felicidade refugiada na minha barriga onde crescia o Tigy. Naquele tempo, para mim, havia muito onde procurar razões para sentir a tal da felicidade e vivê-la, plenamente. Então criei não um refúgio de felicidade, mas sim um "Refúgios de Felicidade", no plural.
Este blogue completará em poucas semanas 5 anos, tantos quantos o Tigy fará em poucos meses para a frente e o meu casamento fez em poucos meses para trás.
De lá para cá fui fechando alguns dos refúgios onde buscava a minha felicidade: desiludi-me com alguns livros, cansei-me de alguns discos, perdi-me em alguns episódios das séries de sempre, mudei algumas rotinas, estranhei algumas pessoas, perdi outras tantas, esqueci algumas datas, deixei escapar alguns filmes, neguei alguns passeios, prendi algumas gargalhadas, apaguei alguns textos, escondi algumas verdades, adiei algumas conversas, ocultei alguns factos, não entendi alguns sinais, passei ao lado de bons dias, falhei. Falhei muitas vezes. E os refúgios eram cada vez mais pequenos e escondidos e iam dar todos ao mesmo lugar. O lugar onde vivia toda e qualquer felicidade. Pensava eu.
Cinco anos depois voltar a este meu lugar é ignorar o cabeçalho e morder o lábio onde se esconde a questão: mas, afinal, que felicidade é esta?
Sim. Tive vontade de mudar o nome. Ou de apagar o cabeçalho, de escurecer as cores do fundo, de trocar as palavras do título por coisa que condiga mais comigo. Não era solução original. Tive ainda vontade de trancar este lugar. De apagar. Desaparecer. Também não era coisa que não aconteça por aí todos os dias. Pensei numa pausa. Num tempo sem palavras. Sem novidades. Mas isso faço eu, por aqui, tantas vezes.
Então, decidi ficar. E decidir ficar é sempre muito mais complicado do que partir. Ficar é sempre muito mais pesado do que a tralha que se leva ao sair.
Cinco anos depois. Apenas cinco anos depois e tanta coisa pelo meio, há um casamento que acaba e que era o meu. Há um filho que cresce e que é sempre o melhor de mim. Há um blogue que fica. Com o mesmo cabeçalho sereno, com o mesmo fundo tão limpo, com o mesmo título tão hipócrita.
Esta canção lembra-me, então, este meu lugar. Por muito que ela conte que as regras da sensatez avisam para não voltarmos aos lugares onde fomos felizes este blogue fica. Fica mesmo. Para me lembrar que num lugar qualquer do mundo deve haver mesmo um, apenas um, refúgio de felicidade e que esse refúgio é o meu.
10 comentários:
Tu sabes o quanto esta canção é especial para mim assim como eu sei o que ela significa para ti. Estas tuas palavras podiam ser tão minhas, no que ao teu blogue te referes. E faz parte de te conhecer ter percebido aquilo que dizes de ti num mail, num telefonema e em várias entre-linhas. Faz parte desta nossa amizade, que é um bem precioso que guardo, conhecer-te assim tão bem e sentir-te tão transparente num simples "olá" via telefone. Também faz parte dizer-te que estou mesmo aqui e,apesar de saber que o sabes, repeti-o porque não quero que te esqueças nunca. uma beijoca laroca especial, muito especial Amiga :-)
E este não deixa de ser, contudo, um cantinho de felicidade para ti... Porque aqui és tu, sem complexos, sem máscaras e sem subterfúgios. Aqui és TU :) Sem fugas e passos atrás... A felicidade não é um contínuo, é um espectro ;)
Beijocas e força minha querida.
...a dor do fim de um casamento ao lado de uma filha que cresce... vive no meu blogue. Aqui mesmo ao lado!
um beijinho
É sempre difícil e penoso ver algo terminar, seja o que for!
O tempo vai encarregar-se de te mostrar se foi o caminho certo, se foi a decisão certa, se foi a solução para os teus problemas...
E se não for??? Há sempre um rumo a seguir!!!
Todos podemos repensar, todos podemos tentar mais uma vez.
Essencial neste momento: tu e o Tigy.
Tu - porque precisas de equilíbrio e muita força para esta nova fase da vida em que nem sempre o Tigy estará presente porque já não são 3pessoas a viver juntas.
O Tigy - porque já percebe o mundo que o rodeia, porque gosta do pai e da mãe e gosta dos dois juntos. E a separação vai doer.
E as mães não suportam ver os filhos sofrer.
Desejo que te reencontres e que vejas que há sempre um refúgio de felicidade, ainda que seja só um.
E aquele que, há 5 anos, era o teu refúgio, dentro da tua barriga, ainda o é, HOJE FORA DELA.
Bem me parecia que não eram só problemas no trabalho, o meu dedo adivinho conhece-te há tempo de mais e sabe ler as entrelinhas. Li reli e re-reli este post mil, vezes... Eu estou aqui, como sempre, para quando precisares.
Decidi visitar-te, catapultado plo FB, e fiquei deveras tocado com a tua escrita. Que este blogue seja sempre o (tal) refúgio de felicidade porque tanto anseias. Kisses. Pedro
Ainda bem que decidiste ficar por aqui. É uma pena quando a vida não segue o trilho que imaginámos, mas o caminho ao lado pode trazer belas surpresas!:)
Um beijinho.
e daqui a muitos anos, quando voltar aqui, vai ler, reler, reviver, reaprender. não feche uma janela que no futuro vai mostrar o seu passado, os dias, os sentires, duma vida.
olá, há muito tempo que visito o teu blog e adoro ler o que escreves, desde inicio percebi que consegues passar para a escrita o que sentes. Fizeste muito bem continuar com "o teu refúgio".
Entendo que esta fase não esteja a ser fácil mas tens um filho lindo e com ele vais arranjar forças para ultrapassar mais este obstáculo. Estou aqui. Gena Queirós
à cerca de um ano atrás, deste-me esta música a conhecer, lembras-te??? Era a letra certa para o momento errado e eu fiz-me despercebida relativamente ao significado da mesma... porque era duro e cruel aceitar a realidade quando vivia em sonhos. Mas fez-me bem ouvir uma e outra vez esta música... e ainda hoje a ouço...
Enviar um comentário