20 fevereiro 2010

O dia em que passei a acreditar em ti




Ao fim do dia, no despe e veste da roupa da rua para a roupa de casa, o Tigy insistia que no dia seguinte era preciso levar fato-de-treino para a escola. Entre o braço na manga certa e cada meia no seu pé, a Beguinha repetia que não era dia de ginástica e que, então, umas calças e uma camisola seriam as peças certas para a manhã que aí vinha.

Na pressa das manhãs dos dias da semana, no despe e veste da roupa de dormir para a roupa da escola, o Tigy estranhou as calças azuis e a camisa quadriculada que escolhi para ele e mais surpreendido ficou com os sapatos de atacas em vez das sapatilhas. Do pequeno-almoço para o "anda veste o casaco que está frio", ele lá disse uma ou outra vez que era mesmo verdade e que, naquele dia, era preciso levar fato-de-treino. A Beguinha explicou que a professora não tinha dito nada disso e que não havia ginástica naquele dia. A Beguinha disse essas coisas colocando no tom de voz aquela expressão irritante do "então, mas eu vou agora acreditar numa coisa que tu dizes, quando mais ninguém me deu tal recado?". No entanto, deixando uma réstea de dúvida que deve ser coisa que nasce nas mães quando começam a ouvir os filhos, enfiei as calças de fato-de-treino num saco e ele acompanhou o Tigy até à escola.

Na chegada à porta da sala de aula e perante a pergunta "Mas hoje era para trazer fato-de-treino?" a educadora mostrou-se orgulhosa do Tigy ter sido dos poucos que levou o recado direitinho até casa e eu, a Beguinha, fiquei angustiada por ter sido a mamã que não acreditou no recado do filho. O pequeno pedaço de crença estava dentro do saco, metade do fato-de-treino, metade da dúvida, as calças que se vestiram enquanto o Tigy perguntava "porque é que vocês não acreditaram em mim?".


1 comentário:

R disse...

já me aconteceu uma dessas :)