11 fevereiro 2012

Dia a dia da felicidade



Hoje
passei o dia com uma das melhoras amigas da vida, que tenho a sorte de estar dentro da minha, e, invariavelmente, as nossas conversas andam à volta disto: da felicidade.

Digo-lhe repetidamente que nunca somos tão felizes nem tão infelizes como imaginamos e ela desafia os meus limites como eu faço com os dela, num jogo de forças e de entregas mútuas que só fazem sentido quando se é completamente sincero.

Assumo, para ela e para o mundo, o risco ao dizer que nunca fui tão feliz como agora. Nunca, em tempo algum, vivi tão bem comigo mesma. Nunca, em idade nenhuma, me senti tão bem acompanhada por mim própria. E isso contamina tudo:
o tempo em casa, a sós, sem outro som que não o da lenha a consumir-se na lareira;
as rotinas com o Tiago, quando as teimosias dele são os meus motivos de gargalhada e quando os carinhos dele são o princípio e fim de toda a verdade;
os problemas, a forma simplificada como se conseguem reduzir os dramas a oportunidades e como se vê na inércia tempos de pausa para respirar;
as pessoas e a técnica automática de colocar cada uma no seu lugar;
as minhas pessoas e saber que quanto mais me amam mais me libertam;
as ideias, o multiplicar de listas, de afazeres, de planos, de objetivos, de coisas a seguir, de coisas que ainda hão-de vir;
e
o instante antes de adormecer, quando a almofada parece tomar a forma perfeita da minha cabeça, talvez moldando-se aos pensamento dentro dela, numa paz tão grande, como se nada pudesse roubar-me isso.

E não pode mesmo.
Porque acima do que fazer com o tempo que temos,
do que mudar nas rotinas que incomodam,
do que resolver dentro dos problemas que controlamos,
do que selecionar nas pessoas que conhecemos,
do que colocar em primeiro nas listas de assuntos pendentes,
estão esses escassos segundos em que sentimos que vamos adormecer, em que já ouvimos a respiração do nosso sono e sabemos que amanhã ao acordar estará tudo como deixámos dentro da felicidade que escolhermos.

Porque ninguém consegue mudar de sítio o que só nós sabemos onde escondemos.
Feliz Dia Internacional da Felicidade.


Ilustração - Betania Zacarias

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