26 julho 2006

Com amor



Cada vez mais - e sem saber muito bem como nem porquê - os meus dias sucedem-se compostos por coisas que queria fazer e ainda não fiz, por textos que queria escrever e ainda não escrevi, por ideias que queria concretizar e ainda são apenas isso... ideias.
Então, e porque o amor é também de certeza isto, o Beguinho escreveu o que eu tenho adiado sucessivamente, fazendo muito mais pelo meu dia do que todos possam imaginar.

O texto está no seu espaço de "Monstruosidades do Tempo
e da Fortuna"
e está também aqui de seguida...

« Um ano de Beguinha

Foi a 25 de Julho de 2005 que a Beguinha começou o seu blogue. A ideia era contar a história do Tigy e a história do Tigy começava, como todas as histórias de bebés, na barriga da mãe. Há cerca de um mês a Beguinha tinha muitos planos para assinalar a data... Não vou contar nenhum porque tenho esperança que, ainda que tardiamente, a Beguinha possa vir a concretizá-los.

A verdade é que hoje que a data se assinala, a Beguinha (que tem muito mais visitas que esta página no seu Refúgios de Felicidade) não teve tempo para completar a efeméride com tudo o que sonhava poder melhorar e oferecer aos seus leitores.

Uma vez disse-lhe: Ainda tenho de fazer um post sobre a tua blogosfera! É que a blogosfera da Beguinha é feita de partilhas! De mães e pais que sonham um mundo melhor para os seus filhos em vez de nada andarem a discutir através de muito discutirem o tudo que a imprensa agenda.

Feita de mães que abdicam e pais que se esforçam, de famílias que sonham, de homens que ajudam na lida da casa e mulheres que ajudam esses mesmos homens a fazê-lo. Feita também de casais que sonham famílias porque sonham ter filhos e não os conseguem. Feita por pais (aqui no sentido de progenitores) que com menos sorte na vida tiveram filhos com incapacidades inimagináveis e a eles dedicam ternuras descritas por palavras com que contam as pequenas (e grandes) alegrias que sempre nos dão os filhos (como quer que tenham, de nós, vindo ao mundo).

Depois a Beguinha tem palavras para todos eles e elas, tem lágrimas escondidas que se lhe adivinham ao canto dos olhos com os quais lê a vida de tantos outros e tem também o hábito de me contar essas histórias como se fossem de amigos e amigas. Com a preocupação e esperança que dedicamos aos assuntos daqueles que nos são queridos. Por isso a blogosfera da Beguinha não cabe (nem nunca coube) nas teorias dos grandes vultos da blogosfera dita nacional, que não é mais do que reconhecida forma de extrapolar fronteiras e olhar para além do umbigo onde encontram o seu sexo, os seus joelhos e os seus pés.

A blogosfera da Beguinha é como uma família. Dela faço parte porque sou pai do Tigy... Assim, assinalo a data, não com a grande renovação que a Beguinha tinha prevista para o seu espaço na rede blog, mas com o testemunho da mãe extremada e carinhosa que é, da profissional incansável que se demonstra, da mulher atenta e cooperante que se tem revelado. Um blogue é coisa boa, para o Tigy recordar mais tarde! Ele não verá as alterações que a pouco e pouco foste fazendo. A vida segue cá fora, onde a cada dia tens construído melhorias na nossa casa (aqui no sentido de lar). Hoje. Ontem. Há um ano.

Desde sempre...

Estás de parabéns. »


Obrigada Beguinho. Muito obrigada!

Com amor...

03 julho 2006

Dizer "não"



Um dia inteiro, em casa, com o Tigy pode revelar-se um verdadeiro desgaste. Nesses momentos, acho que até pago uma ninharia de creche e que realmente devia agradecer encarecidamente, às educadoras, a paciência diária que têm com um pestinha de 71 centímetros.

Sentado no chão da sala, com dezenas de brinquedos espalhados por todo o lado, o bebé quer sempre aquilo que ainda não tem: o comando da televisão, os telemóveis, as molduras, o candeeiro de pé, as revistas ou até os chinelos. Depois de muitos "nãos" seguidos, os papás acabam por esquecer as regras, afastar os objectos proibidos e cair exaustos no sofá... a observar. Qual formiga trabalhadora, o Tigy gatinha a 100 à hora pelo ínfimo espaço da sala que lhe está atribuído, o mesmo que definimos com a ajuda de um banco e de almofadas. Daquele rectângulo para a frente os perigos são ainda maiores: o degrau que separa a sala de estar da de jantar, as escadas, o forno, a lareira. Depois, trepa agilmente, agarrando-se com genica a tudo o que encontra. Queda ali queda acolá, o rapaz está cada vez mais imbatível.

Enquanto estava grávida e lia acerca das questões de segurança, quando se tem um bebé em casa, pensava sempre: daqui até ter de me preocupar com isto... Bom, esse "daqui até" transformou-se (sem eu dar conta) no agora e, decididamente, a minha casa, e eu mesma, não estamos preparados. Como é que um espaço tão pequeno encerra tantos perigos?

Sentados no sofá, cansados só de observar a energia do nosso filho, eu e o Beguinho vamos tentando fechar a cara e enfatizar o "Tigy não". Mas quem resiste aquele ar traquina, olhando para nós enquanto a mãozinha, escondida por trás das costas, atira - sorrateiramente - a moldura, que exibe a sua carinha pensativa com poucos dias de vida, para o chão?